Além de exigir ações da população para evitar o contágio, o avanço dos casos de coronavírus no Brasil demanda também uma estrutura adequada da rede pública e privada de saúde para prestar o atendimento adequado aos casos graves da doença. Por conta disso, é fundamental que a população procure o médico somente se tiver sintomas mais graves ou se enquadrar em casos suspeitos.
Para esclarecer as dúvidas, a rádio Gaúcha Serra procurou a Secretaria da Saúde e três das maiores operadoras de saúde do município para conferir as recomendações das instituições à população. Até a publicação desta reportagem, aguardávamos os esclarecimentos da Unimed e do Fátima Saúde.
REDE PÚBLICA
De acordo com a infectologista e diretora das Vigilâncias em Saúde de Caxias do Sul, Andréa Dal Bó, são considerados casos suspeitos pessoas que apresentam febre, sintomas respiratórios e que viajaram ao exterior nos últimos 14 dias ou tiveram contato com algum paciente suspeito ou confirmado. Caso alguém se enquadre nesses critérios, deve se dirigir a uma unidade básica de saúde (UBS), se identificar e dar o nome, se for o caso, da pessoa com quem teve contato.
Uma vez identificado que a pessoa se enquadra nas definições de suspeita, ele recebe uma máscara e atendimento prioritário. O médico, então, examina o paciente e define se é necessário realizar o teste ou encaminhar para internação. Caso se identifique a necessidade de teste, mas não há sintomas graves, é agendada a coleta do material para o exame, que é realizado em domicílio, onde a pessoa deve ficar isolada. Já se houver sintomas que justifiquem a internação, o médico encaminha a solicitação para a regulação de leitos.
Para primeiras consultas realizadas em unidades de pronto atendimento (UPA), o procedimento segue os mesmos critérios. A única diferença é para a coleta da amostra do exame, que ocorre já na instituição. Se for necessário internação, também é acionada a central de leitos.
— Se entrar hoje na definição de caso, é importante que busque atendimento para que se possa saber os contatos que a pessoa teve — orienta Andréa.
O município está planejando a criação de uma estrutura exclusiva para atender casos de coronavírus na cidade. Por enquanto, não há definição de local e do número de leitos. A montagem deve ocorrer quando o número de casos aumentar na cidade. Entre as medidas a serem tomadas no curto prazo, estão a ampliação dos horários de atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) nos bairros Eldorado e Desvio Rizzo. A orientação é para que o paciente com sintomas procure as UBSs e não as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) tanto da região norte quanto do centro.
CÍRCULO
Segundo a infectologista e coordenadora de controle de infecções do Hospital do Círculo, Giorgia Torresini, a instituição também classifica as suspeitas com base nos critérios apontados pelas autoridades de saúde: pessoas que viajaram ao exterior e tiveram contato com pacientes suspeitos ou confirmados, inclusive em isolamento domiciliar e apresentarem sintomas de covid-19.
A recomendação é que beneficiários que retornarem do exterior e não tenham sintomas, fiquem resguardados em casa por sete dias, que é o tempo necessário para o vírus se manifestar. Caso apresente características da doença, o tempo recomendado de isolamento é de 14 dias. Quem não tem sintomas não precisa ser testado, mas Giorgia afirma também que casos leves, que não demandam cuidados mais intensivos, não necessitam de atendimento. Nesses casos, contudo, o isolamento é necessário para evitar eventual contágio.
— Não precisa consultar com sintomas brandos. Na maioria das vezes são sintomas leves ou moderados, que você resolve em casa. Saber que vocês está com coronavírus não vai gerar tratamento porque ele não existe — explica.
O alerta para que o beneficiário busque atendimento, segundo a infectologista, é a falta de ar. Nesses casos, a orientação é buscar o pronto-atendimento. Ao relatar os sintomas o paciente recebe uma máscara e e encaminhado para atendimento prioritário, caso se enquadre nos critérios de suspeita.
A partir disso, o médico avalia a necessidade do teste, realizado no próprio hospital, e de eventual internação. Os laboratórios do Círculo também realizam o teste para pacientes de médicos credenciados que solicitaram o exame em atendimentos nos próprios consultórios. Seguindo as determinações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o plano não cobra a realização do teste, apenas a consulta realizada.