Apaixonado pelo mundo da aviação, o aposentado Carlos Rizzi, 66 anos, é uma figura conhecida no Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul. É raro ele não estar no terraço acompanhando as aterrissagens e decolagens dos aviões na pista. Esse hábito é antigo: já são 21 anos observando chegadas e partidas. A paixão não passa despercebida e chamou a atenção da direção do aeroporto. Na última sexta-feira (14), ele ganhou um presente especial: foi convidado a conhecer os bastidores.
Como de costume, chegou por volta das 10h10min para aguardar a chegada do primeiro voo e carregava uma revista sobre aviação. O que ele não sabia é que convite incluía uma visão privilegiada da aterrissagem, onde poucos têm a chance de estar: a pista.
— Gosto de ficar aqui e observar os aviões, gosto do som que eles fazem, desde a primeira vez que meu pai me trouxe no aeroporto quando eu tinha dois anos — relembrou.
Morador do bairro Rio Branco, Rizzi se desloca diariamente ao aeroporto para alimentar a alma com o que lhe faz bem. Para ele, voar é uma experiência única, mas confessa que o amor não é só por estar no céu, mas por tudo o que envolve um avião:
— Eu vinha no tempo da Varig e lembro do DC3. Ficava fascinado observando os aviões porque gosto dos modelos, da dinâmica, de entender como ele está no ar.
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Até então, ele já esteve na pista, mas apenas para tirar fotografias.
— Está é a primeira vez que vou acompanhar o pouso tão de perto — contou Rizzi, enquanto vestia o colete verde e fones de ouvido, equipamentos obrigatórios para quem está na pista.
Na primeira parte do passeio, o aposentado acompanhou a aterrissagem do avião da Gol que chegou por volta das 10h43min. O aposentado não tirava os olhos da pista para não deixar escapar nenhum detalhe.
— Eu leio muito. Tenho coleção de revistas para entender mais sobre o mundo da aviação.
Em meio ao barulho do avião, conversava com o diretor do aeroporto, Maurício D'Avila, sobre o peso dos pneus, a velocidade das aeronaves, a largura e altura das asas, a potência dos motores, o peso por metro quadrado, a velocidade máxima e todos os detalhes relacionados ao mundo da aviação.
D' Avila revela que observava o fascínio de Rizzi e isso lhe inspirou:
— Trocávamos poucas palavras, mas a presença dele aqui me intrigava. Decidi fazer um convite para que ele conhecesse os bastidores do nosso aeroporto. A pista é um lugar em que poucos podem estar pela questão de segurança. Mas como ele tem essa paixão pelos aviões, é um lugar em que pode ouvir e sentir a vibração do pouso e da decolagem _ explicou D'Avila.
REENCONTRO
A segunda parte do passeio foi uma inspeção na pista. D'Avila solicitou à sala-rádio permissão para acessar a pista e explicou o procedimento a Rizzi, que ouvia atentamente. No percurso, trocavam informações sobre o Hugo Cantergiani.
— O senhor sabe quanto mede a pista? —perguntou o diretor.
— 1.650 metros ?_ questionou Rizzi.
— Isso mesmo. A pista conta com recuo de 350 metros na cabeceira 15. Sendo utilizado apenas 1.650 metros — completou D'Ávila.
Em seguida, Rizzi passou pelo hangar onde estão os aviões de empresas caxienses. Mais uma vez, demonstrou conhecimento:
— Aquele é um Paulistinha CAP-4 e tem o Malibu Meridian e Cessna Citation — falava com empolgação.
Depois, seguiu à sede dos bombeiros, onde Rizzi foi convidado a entrar em um dos caminhões preparados para atuar em emergências.
A visita continuou no hangar do Aeroclube de Caxias do Sul onde o aposentado reencontrou uma antiga e eterna paixão: o Piper J3, que está em manutenção.
— Aquele é TRA. Ele é de 1943 e eu lembro de ver ele aqui na pista no aeroporto. Esse avião traz muitas lembranças. Ele é um avião militar e transporta até 12 passageiros.
Para finalizar, Rizzi contemplou a decolagem, bem de perto, do avião da Gol. A aeronave ganhou o céu e o olhar sonhador do aposentado.
"É uma lembrança de que sempre é bom sonhar", conta Rizzi
Esta não foi a primeira vez que Rizzi realizou o sonho de estar próximo de aviões. Em 2014, no dia 21 de outubro, ele ganhou uma viagem para São Paulo onde conheceu a Academia de Serviços Comandante Rolim Adolfo Amaro, um dos maiores e mais modernos centros de aviação na América Latina, e o Hangar 2 da TAM, junto ao Aeroporto de Congonhas. Rizzi também acompanhou o treinamento dos comissários de bordo e pilotou no simulador um Air Bus A 320.
Tímido e de poucas palavras, ele aceitou o convite do diretor Maurício Loreto D'Avila com um brilho no olhar. Relembrou a viagem para São Paulo, que foi acompanhada pela reportagem do Pioneiro:
— Passei quatro horas lá, até pilotei no simulador — relembrou.
Rizzi deixou São Paulo com um Air Bus 320 embaixo do braço. A maquete ganhou lugar de destaque na casa dele.
— É uma lembrança de que sempre é bom sonhar — reveleou com certa timidez.
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