O projeto De olho no futuro, criado por iniciativa de professoras da Escola Estadual de Ensino Médio Victorio Webber pode fazer a diferença na vida dos adolescentes que cursam os anos finais no colégio. A ideia é preparar melhor os jovens para entrar no mercado de trabalho e encarar as exigências e cobranças da vida adulta. A escola fechou parcerias para cursos profissionalizantes, palestras e visitas a faculdades e empresas para incentivar a busca por um futuro diferente.
Os cursos são voltados ao aperfeiçoamento profissional e às atividade que podem descobrir talentos entre os alunos. Cerca de 120 estudantes de seis turmas participam da iniciativa. Com faixa etária entre 14 e 20 anos, os adolescentes tem a chance de descobrir a profissão que gostariam de seguir.
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Já tiveram acesso a curso de informática — quem montou as aulas e ensina é um estudante. Dos 120, 15 alunos participam gratuitamente do curso de Lid (Leitura e Interpretação de Desenho) e Metrologia. A parceria é com a empresa Pradotech. Em 2020 novas parcerias devem ser fechadas, inclusive, com uma farmácia.
A professora Vanessa Luísa Endres, 36 anos, afirma que a ideia surgiu também com a objetivo de reduzir o número de alunos que deixam as salas de aula sem concluir o ensino médio:
— Muitos estudantes estão perdidos, sem saber o que fazer no futuro e por qual caminho seguir. A proposta foi construída em conjunto com os estudantes que ajudaram a escolher o nome e sugeriram como colocar o projeto em prática.
Para a professora Juliana Casal Corrêa, 35, o projeto vai ao encontro da proposta do ensino médio.
— Temos dificuldades nas escolas e pensamos em criar um projeto que realmente mostre aos alunos que eles tem um caminho a seguir e que podem realizar os sonhos lá fora no mercado de trabalho.
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As professoras reiteram que, além de criar oportunidades e preparar os jovens, a iniciativa já apresenta resultados positivos: reduziu a evasão escolar.
— Os cursos despertam interesse e incentivam os estudantes a concluir os estudos. Se sentem mais seguros e preparados, o que os deixa também mais motivados — ressalta Vanessa.
Juliana concorda:
— Percebemos um envolvimento maior. Eles conseguem viver no dia a dia o que vivem em sala de aula e tem amadurecido também.
Escolas abertas aos sábados
Em meio a salários parcelados dos professores, a escola abre às portas aos sábados para receber os alunos:
— A ideia é que eles tenham mais chances no futuro. Estamos aqui para eles, para que se sintam seguros e preparados para entrar no mercado e tenham mais chances de construir um futuro melhor — diz a diretora Lucélia Dall' Agnol, 41.
Os empresários Denis do Prado, 41 e Fernanda Zardo, 27, proprietários da Pradotech, ajudam a escola com a intenção de formar uma sociedade melhor.
— Pensamos em ajudar a comunidade com trabalho voluntário para incentivar o crescimento e mostrar oportunidades de trabalho. Como em Caxias, o ramo metalúrgico é mais forte, pensamos em Lid/Metrologia — destaca Prado.
Para ele, a experiência de ensinar e poder preparar os estudantes é transformadora:
— Ele precisam chegar ao mercado com bagagem e preparados para encarar os desafios que as profissões exigem. É um aprendizado para nós também — enfatiza Prado.
A escolha pelos 15 alunos que fazem as aulas respeitou o perfil de cada um e a profissão que pretendem seguir no futuro.
"Temos a chance de decidir"
O curso de Informática qualifica os alunos em noções básicas, pois segundo a professora Vanessa embora eles tenham proximidade com a tecnologia não sabem lidar com programas simples.
— Eles entendem de redes sociais, mas dificilmente sabem como usar programas como Word, Excel e que são essenciais para ingressar no mercado.
O estudante Fernando Yuri Costa, 15, já fez o curso de Tecnologia da Informação e em conjunto com as professoras montou aulas para dividir os conhecimentos com os colegas.
— A informática faz parte da vida de todos, é necessária e precisamos de noções básicas — diz.
Para João Vitor Siqueira, 16, e Maicon Adria dos Santos, 15, os cursos mostram um pouco da realidade do mercado.
— Eu quis fazer o curso de Lid/Metrologia por curiosidade e agora estou cada vez mais interessado porque percebi que não sabia nada sobre as aulas. É importante porque prepara a gente para trabalhar e temos a chance de decidir o que escolher para o futuro — ressalta João.
Maicon também afirma que a experiência qualifica:
— Precisamos ter acesso a cursos para encarar o mercado.
As visitas às faculdades e empresas também querem mostrar aos jovens que tem opções para a escolha profissional. Nas palestras, eles aprenderam como se comportar, vestir e conversar em entrevistas de emprego e no mundo corporativo. Também tiveram acesso a técnicas de venda, língua inglesa no universo profissional e a tecnologia e a matemática na vivência internacional.