Rezar, levar flores e relembrar de momentos vividos com a família e amigos marcam este dia que é dedicado a homenagear os entes queridos que já partiram. No Cemitério Público Municipal, o maior de Caxias do Sul, o número de pessoas que passou pelo local foi maior do que o habitual nesta sexta-feira (1º), que antecedeu o Feriado de Finados.
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O movimento aumentou durante este sábado (2), quando milhares de pessoas passaram pelo cemitério, que fica Rua Vinte de Setembro, no bairro Marechal Floriano, para prestar homenagens. Os visitantes chegaram por volta das 8h e o movimento era intenso entre as 9h e as 10h. Neste horário, havia congestionamento nas ruas próximas ao cemitério e a Fiscalização de Trânsito estava no local para orientar motoristas e pedestres. O fluxo de pessoas era mais tranquilo entre às 11h e 12h deste sábado. Muitas pessoas apenas visitam os túmulos e jazigos, outras aproveitam os horários das missas para orar.
A técnica em enfermagem Clarisse Vieira da Silva, 45 anos, estava com a mãe dela, Claire Vieira da Silva, 73 anos. Ela mantém a tradição de visitar o cemitério todos os anos.
— É importante vir até aqui, rezar por quem já nos deixou, deixar flores. São momentos de reflexão — afirma Clarisse.
Maria Lourdes da Silva, 65 anos, perdeu a mãe dela, Sueli da Silva Silveira, em 13 de maio de 1993. Para ela, a ida ao cemitério é o momento de recordar ainda mais da mãe dela.
— Ela gostava de flores vermelhas e nós sempre trazemos as flores para ela. É um momento de orar, sentir saudades e homenagear quem amamos — conta ela, que também rezava pelo pai e o cunhado, que estão enterrados no mesmo local.
As floriculturas também ganham destaque durante o Dia de Finados. Proprietária de um estabelecimento que fica ao lado do cemitério, Nádia Regina Soares, 54 anos, reforça a equipe para atender a demanda neste dia dedicado às homenagens.
— Hoje é um dia de movimento intenso. Tenho 10 funcionários nas duas floriculturas, mas reforço a equipe e estou com 15 em cada uma porque vendemos umas setes vezes mais do que um dia normal. O tempo ensolarado e quente também impacta nas vendas porque aumenta o movimento nos cemitérios.
PROCURA POR TÚMULOS DA CIGANINHA E DE NAIARA
Entre as milhares de sepulturas no Cemitério Público Municipal de Caxias do Sul, a gaveta rosa de número 30 no bloco 25, onde descansa o corpo de Naiara Soares Gomes, sete anos, brutalmente assassinada em 2018, e de Anita Saul, a Ciganinha, que morreu aos sete anos em 1958, são os mais procurados. Quem visita os túmulos não são apenas familiares, mas desconhecidos que oram pelas meninas, e que, no caso da Ciganinha, acreditam que ela seja milagreira. No túmulo de Naiara, foram deixadas flores e um ursinho, e muitas pessoas que passavam apontavam e lembravam da morte da menina, que comoveu e entristeceu a cidade.
Na sepultura da Ciganinha, o movimento era intenso. Pelo menos 15 pessoas estavam ao redor do túmulo, rezando, agradecendo por graças alcançadas ou deixando mimos para a menina.
Neita Lima da Silva, 66 anos, visita a sepultura há 18 anos. Ela conta que perdeu uma filha, que morreu logo depois de nascer, e ia até o tumulo da Ciganinha. Naquela época, as sepulturas eram próximas e ficavam no Canto dos Inocentes.
— Eu rezo para ela. Faço uma prece. Sempre tem flores e doces no túmulo dela.
Janceli Pinto de Andrade, 65, conta que ouvia histórias sobre a menina, e a curiosidade a levou até o túmulo, que visita há anos.
— Falavam que ela foi sequestrada, mas ouvi histórias que despertavam a curiosidade e hoje sempre venho até o túmulo dela — ressalta.
Para Jeci Andrade, 63, é importante visitar a sepultura da menina.
— Vou até o túmulo dos meus pais e passo por aqui para orar pela Ciganinha.
Sobre a real história da criança, elas sabem pouco. Já Melissa Ribeiro Jardim, 39, reza pela criança e pede graças há mais de dez anos. Quem a levou até o túmulo foi a mãe dela, que contou que Ciganinha foi sequestrada, estuprada e abandonada. A lenda diz que a criança nunca reencontrou os pais, o que explicaria o registro de óbito, onde consta pai desconhecido, e que teria vagado pela cidade. Em seguida, doente, ela foi levada para o Hospital Del Mese, onde morreu.
— Minha filha ficou doente quando pequena e, como a Ciganinha morreu de broncopneumonia, eu pedi a ela que intercedesse. Ela tem 11 anos e nunca mais ficou doente. Ela se curou. Eu tenho fé, porque o que peço para a Ciganinha ela atende — afirma ela.
A expectativa é que cerca de 40 mil pessoas visitem o cemitério neste sábado.
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