O presidente da Câmara de Indústria Comércio e Serviços (Cics) de Farroupilha, Daniel Bampi, diz que é difícil medir os prejuízos causados por quase 20 dias de bloqueio da ERS-122. O trecho com trânsito interrompido fica entre Farroupilha e São Vendelino, cortando a principal ligação entre o município e a região metropolitana de Porto Alegre. Mas ele pontua que, além da necessidade de percorrer trajetos mais longos, o tráfego também se acentuou nas estradas alternativas, onde há problemas com buracos e falta uma capacidade maior para absorver o número de veículos.
— Estamos semi-ilhados aqui em Farroupilha — destaca.
As alternativas principais para o tráfego entre a Serra e Porto Alegre são a BR-116, entre Caxias e o Vale do Sinos, e a ERS-446, entre Carlos Barbosa e São Vendelino. Outra possibilidade é acessar, a partir da ERS-122 em Farroupilha, a VRS-826, por Alto Feliz, passando pela ERS-452 em Feliz e acessando a ERS-122 em Bom Princípio.
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Para o município de Farroupilha, existe ainda o percurso pela VRS-813, como um atalho que liga a cidade à BR-470 em Carlos Barbosa, continuando pela ERS-446 a São Vendelino. Essa rodovia vicinal, no entanto, segundo o presidente da Cics, está em mau estado, com muitos buracos.
No caso do comércio e serviços, Bampi cita como exemplo de impacto negativo a queda do movimento, especialmente em empreendimentos que ficam às margens da ERS-122.
— Temos aqui todas as malharias, os shoppings... os postos de combustíveis nesse roteiro, então, estão com o movimento lá embaixo.
Já para a indústria, o custo com os fretes aumenta, seja pela distância maior a ser percorrida, seja pela demora nos transportes com o tráfego que se acumula nos caminhos alternativos, em boa parte com trechos de pista simples.
Bampi reclama do ritmo dos trabalhos do Estado para liberar novamente a ERS-122, que persiste com bloqueio no quilômetro 43 devido à instabilidade da encosta neste ponto.
— O Governo do Estado tinha que trabalhar 24 horas por dia para deixar isso pronto. Essa é a nossa posição. Precisaria uma força tarefa gigante, deslocando tudo o que o Estado tem para resolver o problema, porque essa não é uma rodovia qualquer — protesta.
A chuva que atingiu a Serra na manhã deste sábado (23) impediu que o trabalho para liberar o trecho obstruído na altura do quilômetro 43 da ERS-122 fosse retomado. O serviço foi interrompido no começo da tarde desta sexta-feira já em função da instabilidade climática. Operários e máquinas devem recomeçar a perfuração da encosta na segunda-feira (25), se as condições do terreno permitirem.
Segundo o diretor de Operação Rodoviária do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), Sandro Wagner, é preciso o mínimo de firmeza do solo para que a perfuratriz chegue ao ponto onde deve operar. É essa máquina que fará os furos nas rochas para a colocação de explosivos. Com a chuva, o terreno argiloso fica escorregadio e torna perigoso o uso da máquina na beira do despenhadeiro.
Conforme a assessoria de imprensa da Secretaria de Transportes, a orientação do governador Eduardo Leite (PSDB) e do secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, é trabalhar o máximo possível para resolver o problema, e isso tem sido feito dentro do que é viável tecnicamente. Pontua que há um impedimento em fazer trabalhos à noite, até pela falta de iluminação no local; o horário permitido para as obras é das 7h às 19h, e as detonações só podem ser feitas até as 18h. Também cita que a chuva impossibilita o trabalho tanto por questões de segurança quanto por inviabilidade técnica de prosseguir com as intervenções no local. A assessoria ressalta, ainda, que este foi o pior deslizamento pelo menos dos últimos cinco anos e que tem de ser levada em consideração essa situação de grande adversidade.
Sobre os buracos na VRS-813, uma das alternativas de tráfego para Farroupilha, a assessoria da Secretaria de Logística e Transportes diz que a estrada receberá conserto após a ERS-446 e a RSC-453, que têm prioridade na manutenção em função de serem caminhos principais e darem acesso a Bento Gonçalves, tendo em vista a cúpula de presidentes do Mercosul, que ocorrerá no município na primeira semana de dezembro.
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