Desde a última segunda-feira, os moradores de Boa Vista do Sul não contam mais com o atendimento do Corpo de Bombeiros Voluntários de Garibaldi. A medida é decorrente de um desacordo entre a prefeitura de Boa Vista e a corporação sobre os repasses necessários à prestação dos serviços. Enquanto uma alternativa não é encontrada pela administração municipal, a população de Boa Vista do Sul precisa recorrer à unidade do 5º Batalhão de Bombeiro Militar que fica em Bento Gonçalves. Com isso, a distância para atendimento aumentou 60%, passando de 21,1 quilômetros para 33,5.
A responsabilidade pelo serviço de proteção contra incêndios é do governo do Estado por meio dos batalhões militares dos bombeiros regionalizados. Ocorre que, em função do déficit histórico dos bombeiros, principalmente, de efetivo, grupos se organizaram nas cidades para atender com voluntários e funcionários no formato de uma empresa. O serviço era formalizado com os municípios por meio de convênios. Assim foi feito pelo Corpo de Bombeiros Voluntários de Garibaldi com a prefeitura de Boa Vista do Sul em 2014. À época, a prefeitura repassou R$ 20 mil em uma única parcela. Segundo a entidade, o convênio venceu em setembro de 2017, não foi renovado pelo município nem foi feito um termo de cooperação com base na nova legislação (Lei 13.019). De acordo com Daniel Pradella, presidente da sociedade, os bombeiros voluntários continuaram prestando atendimento por quase dois anos, mesmo sem ter os repasses da prefeitura. Até que, após seguidas protelações e sem chegar a um acordo sobre o valor a ser repassado mensalmente – a prefeitura não aceitou os R$ 2,2 mil pedidos pelos bombeiros –, a entidade decidiu interromper o serviço na última segunda.
A unidade segue atendendo o município vizinho de Coronel Pilar, cuja população é de 1,7 mil habitantes, mil a menos do que Boa Vista do Sul (2,7 mil moradores). Pelo serviço, Coronel Pilar repassa R$ 1,5 mil por mês.
Outro ponto questionado pela prefeitura é o tipo de serviço a ser prestado que excluiria atendimentos ambulatoriais, mantendo combate a incêndio e assistência a acidentes.
Sem entrar em detalhes, o prefeito de Boa Vista do Sul, Aloísio Rissi, disse à reportagem que o município tem orçamento enxuto e que está tentando resolver a situação. Na manhã de hoje, ele tem uma reunião com os bombeiros militares.