A partir do dia 2 de setembro deste ano, a Universidade de Toronto, uma das principais instituições educacionais do Canadá - e do mundo - terá um caxiense frequentando às aulas de engenharia aeroespacial. Aos 17 anos, Werner Weingartner optou pela instituição canadense para dar sequência aos estudos relacionados às áreas de matemática, física e química, com as quais sempre se identificou.
Contando com apoio financeiro e moral dos pais, além de toda sua dedicação ao longo dos últimos anos, o jovem buscou o curso superior fora do país, tendo ainda a possibilidade de escolha diante das 15 instituições norte-americanas (dez estadunidenses e cinco canadenses) nas quais obteve aprovação.
— A situação no Brasil está complicada já faz algum tempo, não consigo imaginar a construção de algo muito inovador aqui, principalmente pela questão econômica. No exterior consegui ver que é bastante diferente, é um ambiente mais próspero para pesquisa e empreendedorismo — avalia o estudante, que experienciou o Canadá em três intercâmbios para estudar os dois idiomas oficiais do país: inglês e francês.
A proficiência nestes idiomas - e ainda no alemão - foi um dos quesitos que colaboraram para o aceite do jovem prodígio em tantas universidades renomadas da América do Norte. Mas é claro que não foi só isso. A maioria das instituições avaliaram seu desempenho escolar dos últimos quatro anos, registrado no Colégio La Salle Carmo, e atividades extracurriculares, como mostras científicas e até trabalhos voluntários. No currículo de Werner, pesaram ainda suas premiações nas Olimpíadas Brasileiras de Química, Matemática e Astronomia.
Tudo isso foi apenas um complemento para o resultado de excelência que ele obteve na prova SAT (sigla de Scholastic Assessment Test) que serve como critério para admissão em cursos de graduação de muitas universidades norte-americanas. A aplicação do teste ocorre no mundo inteiro, exigindo conhecimento em inglês e rapidez de raciocínio na resolução dos problemas. Um aprofundamento pode ser feito conforme a área de interesse do aluno e, no exame de matemática, Werner ficou no seleto grupo dos melhores resultados, que representa 1% de todos que fizeram a prova. De 58 questões, ele errou apenas uma.
Assim, no final de agosto, o jovem estudante embarca para uma das maiores aventuras que uma pessoa apaixonada pelos estudos e por inovação poderia ter.
— Quando comecei a pensar em carreira, a engenharia aeroespacial foi a área que mais me chamou a atenção. Me pareceu algo promissor e adequado ao meu objetivo de atuar com inovação. Vejo isso como uma oportunidade única de fazer algo que pouquíssimas pessoas fazem, deve ser muito bem aproveitada — comenta o estudante.
Além dos quatro anos de curso, Werner já planeja participar de grupos de estudos paralelos - voltados à nanotecnologia e inteligência artificial - e ingressar no programa de estágio do curso, que proporciona a experiência de um ano junto a uma empresa multinacional parceira da universidade.
Foco nas habilidades
Os médicos intensivistas Marlise Heckler e Roger Weingartner, pais de Werner, sempre incentivaram Werner a estudar o que gostava. Eles contam que foi depois da leitura de um livro chamado "As crianças mais inteligentes do mundo - e como elas chegam lá", da jornalista Amanda Ripley, que eles ressignificaram seu entendimento quanto à educação de uma forma global. Isso ocorreu há cerca de seis anos.
— A partir dessa leitura a gente identificou que é preciso focar naquilo que a pessoa gosta e tem habilidade, e não perder energia e tempo em coisas que não vão desenvolver a pessoa — conta Marlise.
— A autora compara os sistemas educacionais em diferentes países. Aqui, se o aluno é ruim em matemática, ele vai ter matemática durante todo o ensino médio. Pegamos o que tem de ruim e ficamos martelando ao invés de desenvolver a habilidade, assim acabamos criando alunos medianos em tudo — observa o pai.
— O Werner sempre foi das exatas, a gente nunca viu nele habilidades para área médica, por exemplo. Ele vai seguir o caminho dele, dentro das habilidades dele — reforça.
Claro que o prazer pelos estudos veio do próprio filho, que não vê problema algum em passar horas de seus dias debruçado sobre cálculos e fórmulas, mesmo que isso o faça abrir mão de outras atividades mais comuns para jovens de sua idade.
— É uma questão de foco, grandes objetivos requerem grandes sacrifícios, estou dando foco em uma etapa da vida que as pessoas não dão a devida atenção, é o que vai determinar meu futuro profissional. Não é na primeira nota ruim que se desiste, tive muita insônia, vou ter muitos desafios, mas a recompensa vai ser bem grande.
ONDE WERNER FOI APROVADO
Canadá
:: Universidade de Carleton - Ottawa
:: Universidade Concórdia - Montreal
:: Universidade Ryerson - Toronto
::Universidade de Toronto
:: Universidade de Waterloo
Estados Unidos
:: Universidade Estadual da Virgínia (Virginia Tech) - Blacksburg
:: Instituto de Tecnologia da Geórgia (Georgia Tech) - Atlanta
:: Unviersidade da Califórnia - Davis
:: Universidade da Califórnia - Irvine
:: Universidade da Califórnia - San Diego
:: Universidade do Colorado - Boulder
:: Universidade de Minnesota - Twin Cities
:: Instituto Politécnico Rensselaer - Troy (Nova Iorque)
:: Universidade de Purdue - West Lafayette (Indiana)
:: Universidade do Estado de Nova Iorque (SUNY) - Albany