
O cardeal Robert Prevost foi eleito papa nesta quinta-feira (8), sucedendo Francisco. Leão XIV, como escolheu ser chamado o novo pontífice, era bastante próximo do papa argentino e é descrito como moderado, tendo a capacidade de diálogo como um trunfo.
A reportagem de Zero Hora conversou com católicos gaúchos de diferentes idades, etnias e espectros ideológicos para saber o que eles esperam do primeiro norte-americano a ocupar o mais alto cargo da Igreja.
Tatiana do Espirito Santo, 51 anos, veio de Montenegro para trazer a mãe a uma consulta médica na Capital. Após a notícia da eleição do novo papa, as duas foram à Catedral Metropolitana de Porto Alegre para rezar. Uma das preces era para que o trabalho iniciado por Francisco, de linha progressista, na Igreja Católica tenha continuidade com o novo papa.
— Fomos muito agraciados com o papa Francisco nestes últimos anos. Espero que ele (Leão XIV) siga a mesma linha. Em sua história, a Igreja Católica e os homens que a formaram, principalmente na Idade Média, foram devastadores. A maioria das pessoas era vista como pecadora. Francisco abriu as portas da igreja para gays, jovens, crianças, velhos, adultos, doentes, ricos, pobres... para todos. Ele não via raça ou cor. Espero que o novo papa siga vendo a alma das pessoas — diz Tatiana, que é professora de história.

O aposentado Edson dos Santos Rocha, 75, vai à igreja rezar todas as quintas-feiras. Ele celebrou a escolha do novo papa pela atuação do religioso no Peru, onde conheceu a realidade da América do Sul.
— Antigamente, todos os papas eleitos eram de países muito distantes da nossa realidade. O papa Francisco mudou isso. Esse novo papa parece seguir o mesmo caminho de Francisco. Foi uma boa decisão. Alguém teria que ser papa. Estamos aqui para auxiliá-lo — diz.
— Eu estava torcendo mesmo era para nosso arcebispo dom Jaime, mas Deus é quem sabe — brinca Edson.
Gaúcho de Itapuca, no Vale do Caí, Eduardo Nischespois Scorsatto é católico e homossexual. Vive hoje em São Paulo, onde atua como coordenador de campanhas no Movimento Laudato Si', ligado à Igreja Católica. Pelas primeiras falas de Leão XIV, acredita que o novo papa seguirá avançando em pautas progressistas.
— Leão XIII foi quem começou a doutrina social na Igreja. Foi uma porta de entrada da Igreja na modernidade. Então, a primeira reação a um papa que se denomina Leão XIV é de alguém que busca inspiração neste momento em que a igreja avançou em direção à entrada na modernidade — diz Eduardo.
— Apesar de ter nascido na América do Norte, ele viveu boa parte da sua vida no Peru. Isso, por assim dizer, molda muito mais do que o lugar onde a pessoa nasceu. A Igreja do Peru foi a que ele saudou durante sua fala. Isso abre a perspectiva de que ele tenha uma linha pastoral, como a do papa Francisco. Partindo dessa experiência na América Latina, também leve para o pontificado os apelos que são próprios da nossa região do mundo — completa.

Paulo Stocker, 74, se descreve como conservador, mas simpatizava com o papado de Francisco. Hoje, o morador do Centro Histórico também esteve na Catedral para rezar pelo novo pontífice.
— Sou um conservador puro, sem contaminação política. Espero que esse novo papa consiga trazer paz no mundo todo. Hoje, estamos com muita guerra, muita confusão. O Brasil também está muito atrapalhado. O que mais peço é paz. Quando se tem isso, se tem tudo — diz.

O jovem Luan de Freitas, 20, frequenta a Catedral Metropolitana todas as semanas. Após começar a estudar história, há dois anos, se converteu ao catolicismo. Em sua oração nesta quinta-feira, agradeceu a escolha dos cardeais por um papa alinhado a Francisco.
— Ele não se aterá ao bem material. Como Cristo pregava, o bem material não é o bem mais importante da humanidade, mas sim o bem espiritual, que liga cada um, não importando sua classe social — analisou.
