Desde pequeno, o ser humano é incentivado a cuidar da saúde e do corpo. A criança é ensinada, por exemplo, a escovar os dentes depois das refeições, mas não é incentivada a contar porque tem medo do escuro ou de dormir sozinha em seu quarto. Um adolescente é levado ao médico para tratar gastrite pouco antes das provas finais, mas não é encorajado a falar sobre porque parece triste e sem vontade de conversar com os pais ou os amigos.
Os cuidados com a saúde física não parecem ser os mesmos destinados à mente. Essa é a percepção das psicólogas Gabriela Azevedo, 30 anos e Cristina Tristacci, 32. As profissionais de Caxias do Sul e Bento Gonçalves criaram o projeto Rever Psi. Elas perceberam que um grande número de pessoas não busca atendimento porque não entende o conceito da psicologia ou por não ter condições de pagar para consultar um profissional.
Pensando na necessidade do autocuidado e da prevenção para evitar doenças como depressão, estresses, automutilação, bullying, entre outros, as psicólogas promovem não apenas atendimentos sociais, com valores mais acessíveis, mas também organizam rodas de conversa, palestras e atendimentos gratuitos em bairros e escolas. A intenção é ressignificar a psicologia para incentivar a busca por ajuda profissional:
– Existe a crença de que só vai ao psicólogo quem é louco, quem precisa de remédio ou pessoas que têm problemas. Quando na verdade todos nós temos problemas. Muitos precisam deste atendimento e por não entenderem como funciona a psicologia não buscam o serviço. São pessoas que apresentam sintomas de quadro depressivo, ansiedade ou que não estão felizes no trabalho ou nos relacionamentos e porque não entendem que a psicologia pode ajudar a melhorar, que é uma alternativa, não procuram ajuda – explica Gabriela.
Gabriela acrescenta que orientação e prevenção são essenciais para mudar essa realidade:
– A ideia do Rever Psi é poder falar da importância do autocuidado, do olhar para si, de cuidar da saúde mental. Uma pessoa diagnosticada no início de crises de ansiedade talvez não precise de remédios para melhorar, mas se não tiver cuidados, essa pessoa pode evoluir para um grau mais grave de depressão e que pode levar a morte. Estamos tentando plantar a semente da psicologia e mostrar o quanto é importante cuidar da saúde mental – ressalta.
As profissionais atendem voluntariamente em colégios da cidade. Elas trabalham com os alunos em grupos e abordam assuntos e situações relacionadas a depressão, ansiedade, dificuldade de diálogo com os pais, cutting (cortes na pele), maneiras de se relacionar, violência e bullying.
Como agendar
Para agendar uma avaliação os contatos podem ser pelos telefones: (54) 99186.8019 / (54) 99641.2535 pelo email-reverpsi@gmail.com ou ainda pela página facebook.com/reverpsi/.
SAIBA MAIS
z Entre 2005 e 2015, o número de depressivos cresceu 18% no mundo e já atinge 322 milhões de pessoas.
z No Brasil, 5,8% da população sofre com a doença – 11,5 milhões de pessoas. Outras 18,6 milhões (9,3%) têm distúrbios devido à ansiedade.
z De 2002 a 2012, houve um crescimento de 40% da taxa de suicídio entre crianças e pré-adolescentes com idade entre 10 e 14 anos no país. Já na faixa etária de 15 a 19 anos, o aumento foi de 33,5%.
z O Brasil é o sexto país no mundo com mais mortes de jovens.
z O Rio Grande do Sul concentra, proporcionalmente, o maior número de suicídios do país.
z Em Caxias são registrados 8,8 suicídios a cada 100 mil habitantes.
CINE DEBATE NESTE SÁBADO
O Rever Psi promove neste sábado, às 14h, um cine debate na sala de cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás, para falar sobre relacionamentos.
O filme que será exibido e debatido é “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”. A ideia é conversar sobre a maneira como as relações se enlaçam e terminam e como os vínculos se tornaram frágeis, na era digital, em função da facilidade de se conectar e desconectar com pessoas, por aplicativos de relacionamentos, por exemplo.
O questionamento é se as pessoas vivem na era do “amor líquido”?, onde nada mais é feito para durar ou vivem numa sociedade de aparências, que não aceita o sofrimento? Ou ambos?
A entrada é gratuita. O debate será mediado pelo psicanalista, psicólogo e professor Rudimar Mendes.
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