A falta de professores obrigou os alunos de uma das turmas na noite da Escola Estadual Técnica de Caxias do Sul (EETCS) a improvisar em sala de aula. Os colegas mais experientes, que atuam como bombeiros, realizam atividades e dividem conhecimentos relacionados à disciplina de Medicina no Trabalho. A ideia foi a maneira encontrada para que eles não tenham falta e possam utilizar o tempo para aprender, ao menos um pouco, do conteúdo.
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Parte da turma contatou a reportagem para relatar que desde 20 de fevereiro, quando começou o ano letivo, eles não tem professor. Preocupados, questionam como irão se formar no final do ano sem ter aprendido o conteúdo e como vão recuperar as aulas se o semestre se encerra em 25 de julho.
A turma tem 16 alunos. Entre eles está o bombeiro civil Adones Henrique Ferreira. Ele é um dos responsáveis por repassar conteúdo para os colegas. As atividades acontecem com a supervisão de outros professores que estariam de folga mas permanecem com os estudantes. Os alunos estavam reunidos na biblioteca, na noite desta terça-feira (04) para decidir o que fariam durante o período sem aula.
— Temos colegas que vem de outras cidades e todos nós trabalhamos e não podemos perder aula. É uma falta de respeito.
Ele acrescenta que mesmo improvisando as atividades, ainda estão longe da realidade da disciplina:
— Desenvolvemos atividades relacionadas com a Medicina do Trabalho para não ter falta e temos instruído os colegas, mas a disciplina tem a ver com legislação, doença ocupacional e precisamos de um professor que nos passe o conteúdo técnico indigna-se — Ferreira.
A situação é ainda pior para os alunos que pretendem se formar na metade do ano. São 24 estudantes do curso de técnico em segurança do trabalho. Eles estão no 3° semestre e último semestre presencial, antes do estágio e sem professor de Teoria Aplicada 2 desde o início do semestre. Para Marjorie Chenet a situação é caótica.
— Sem completarmos o quadro de matérias, não nos formamos. É um descaso completo com os estudantes porque muitos já tem os estágios confirmados e não vão poder assumir sem ter cursado a disciplina. Não temos como compartilhar conhecimento porquê estamos no final do curso e sem professor em sala de aula temos que ir para casa. Não temos mais o que adiantar— lamenta.
Os alunos já encaminharam um abaixo assinado para a 4ª Coordenaria Regional da Educação (CRE) cobrando a solução e estão cansados da situação.
A diretora da escola Salete Aparecida Moraes Dutra conversou por telefone com o assessora do gabinete do secretário de Educação Faisal Karam para tratar do assunto. Ela conta que tem cobrado a nomeação desde 20 de fevereiro e em apenas uma ocasião a professora que seria contratada desistiu de assumir a turma. Desde então, a diretora segue em busca de uma solução.
A diretora informou que após várias tentativas de resolver o problema junto à 4ª CREE, entrou em contato com a SEDUC, a fim de resolver o impasse.
— Acredito que agora resolvi o problema porque garantiram tanto na secretaria estadual quanto na coordenadoria que entre esta quarta e quinta-feira um professor irá assumir as turmas. O curso técnico é por etapas e questionei como eles iriam se formar sem concluir todas as disciplinas e a resposta que me deixou ainda mais preocupada foi: eles se formam o ano que vem. Sempre vou lutar pelos meus alunos — garante ela.
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