O frio machuca a pele e a alma de quem muitas vezes não tem roupas ou cobertores para se aquecer nos dias mais gelados do inverno em Caxias do Sul. Vento, chuva e umidade invadem as casas simples de madeira pelas frestas visíveis nas paredes das moradias. Para tentar mudar essa realidade vivida por muitas famílias, Sílvia Andreatta, 48 anos, implantou na cidade o Caxias sem Frestas.
A inspiração veio de um vídeo em uma rede social. Ela viu que uma curitibana chamada Tânia Ribas usava caixas de leite vazias para forrar casas de madeira. Ao conversar com Tânia, soube que a idealizadora do programa Brasil sem Frestas é a gaúcha Maria Luísa Camozzato.
— Não pensei duas vezes. Entrei em contato com ela Tânia e depois com a Maria para trazer o projeto para Caxias que é uma cidade úmida e gelada e precisa de atitudes assim para amenizar o frio nas casas mais pobres — ressalta.
Sílvia, que é voluntária da Casa de Acolhida Luís Matias, também serve sopa aos moradores de rua de Caxias há seis anos. Para servir a comida ela também usa caixas de leite. Na mesma noite em que assistiu ao vídeo, tomou a decisão de ajudar as famílias que sofrem com o frio. Ela sabe bem como é tentar se aquecer enquanto o vento frio e a chuva entram pelas frestas de casa:
— Quando eu era pequena tentava dormir no inverno e lembro como era sentir o frio intenso no meu rosto. Éramos seis irmãos e as frestas na nossa casa eram muito grandes, passamos muito frio. Nós ficávamos tentando nos aquecer e nada resolvia. O frio machuca. Sou grata a Maria e agradeço a Deus por ela ter tido essa ideia iluminada_afirma.
A voluntária Ana Paula Hensel, 47 anos, abraçou a ideia de ajudar quem mais precisa.
— Esse trabalho é gratificante e é uma maneira de evoluir como ser humano, porque quando se pode amenizar o frio ou qualquer sofrimento do próximo aquece o coração_, ressalta.
Sílvia se emociona ao contar sobre a primeira casa que forraram com as caixas de leite:
— É uma casa pequena e simples no Vale Verde com muitas frestas entre as madeiras. A família enfrentava o frio e as chuvas de verão também e tinha mosquito, aranha e muito bichos que entravam pelos buracos. Depois que forramos as parede a sensação é de dever cumprido, de ajudar quem mais precisa e todos podemos fazer um pouco pelo próximo.
Para o segurança Roque Goulart, 56 anos, o projeto irá ajudar a espantar o frio.
— A casa tinha muitas frestas e não temos como comprar madeiras para trocar ou revestir as paredes. Agora que começa a esfriar e chegar o frio em Caxias esse forro com as caixas de leite vai ajudar muito, vamos nos aquecer destaca o morador do bairro Mariani.
Como ajudar
As voluntárias precisam de grampeadores de estofados ou madeira, grampos, tesouras e estiletes e também de vale combustível, porque nem sempre tem como se descolar até as casas que precisam ser revestidas. Os voluntários também recolhem alimentos, agasalhos e cobertores para doar as famílias.
Quem precisar revestir a casa, indicar uma família ou fazer doações pode entrar em contato pela página Caxias sem Frestas no Facebook ou pelo telefone 54 99105-7068.
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