O ano letivo começou sem aulas de matemática, português e inglês para estudantes do 6º ao 9º ano da Escola Estadual Carlos Fetter, que atende a cerca de 300 crianças e adolescentes em Farroupilha. Há mais de dois meses sem previsão de ocupação dos cargos e de como as aulas serão recuperadas, a falta de professores motivou uma mobilização. Dois vídeos foram gravados, em uma ação dos próprios alunos, como forma de mostrar à comunidade o problema que tem afetado diretamente cerca de 100 alunos da escola. Eles foram divulgados em redes sociais como o Facebook e Whats App.
— Em um momento em que se fala tanto em investir na educação, é lamentável perceber que o discurso dos nosso governantes não condiz com o que está sendo feito na prática. Queremos que faça valer o direito de termos uma educação de qualidade — declara a estudante Natieli Machado Tonon, de 13 anos, estudante do 7º ano, que em um dos vídeos gravados fala sobre a situação em nome de todos os seus colegas.
Confira o vídeo:
A diretora da escola, Heloísa do Amarante, afirma que não possui docentes suficientes para a ocupação dos cargos e que a falta se deu após a saída de professores que atuavam sob contrato temporário na escola.
— Nós informamos a 4ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação) ainda em dezembro do ano passado, mas começamos o ano sem os professores — relata a diretora, que desde o dia 19 de fevereiro tem solicitado os profissionais junto à representação regional da Educação do Estado.
Sem obter uma previsão, ela chegou a reunir-se, na última quinta-feira (25), com o Secretário Estadual de Educação, Faisal Karam, em Porto Alegre. De acordo com ela, o encontro também contou com representantes de outras duas escolas estaduais de Farroupilha e de uma responsável pelos recursos humanos nas escolas gaúchas.
— Aqui na cidade temos nove escolas da rede e as nove estão com falta de professores. Isso ocorre em todo o Estado, algo não está certo — garante a diretora, que também não obteve muitas respostas na reunião.
— O secretário alega que não há falta, para eles consta como liberados esses profissionais, essa burocracia levaria cerca de um mês, mas já estamos no final de abril e eu ainda não tenho os professores em sala de aula — declara.
A diretora comenta ainda que, em muitos casos, os professores contabilizados pelo Estado não estão em sala de aula pois acabam sendo desviados a funções administrativas, também necessárias ao funcionamento de uma escola, segundo ela.
— Eles pedem para termos paciência, mas ainda estamos sem saber como virão esses profissionais e como essas aulas serão recuperadas. Quem acaba prejudicado com isso tudo é o aluno, que deveria ser o foco principal dentro de uma escola — completa.
A respeito da mobilização dos alunos, a diretora destaca que foi uma iniciativa deles, após questionarem diversas vezes os motivos da falta de professores das três disciplinas. Segundo Heloísa, a escola sempre contou com o engajamento de toda a comunidade escolar para as causas de interesse da entidade e o foco agora é resolver a falta dos professores.
— Estamos sem secretária, sem um profissional que cuide da biblioteca e também precisaríamos de mais uma merendeira, mas, nesse primeiro momento, estamos pedindo estes professores que estão fazendo falta perante o aluno.
A Coordenadoria Estadual de Educação disse que está fazendo o remanejamento de professores e contratando novos profissionais para suprir as vagas que ainda estão em aberto. Disse ainda que em Farroupilha, faltam profissionais cadastrados e que muitos que são chamados acabam desistindo da vaga, o que atrasa o processo que precisa começar do zero. Das escolas estaduais em Farroupilha, sete ainda estão sem professor em alguma disciplina. A coordenadoria não tem previsão para o preenchimento definitivo das vagas.