A cor rosa, preferida de Naiara Soares Gomes, destaca a sepultura da criança em meio ao costumeiro concreto do Cemitério Público Municipal. É uma forma de facilitar a localização do túmulo para quem tem interesse em homenagear a criança. Seguidamente, surgem brinquedos, flores ou desenhos de papel na beirada da gaveta número 30 do bloco 25, sinal de que o ponto é um dos mais visitados. A procura, porém, já foi maior no ano passado.
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— O interesse foi muito grande assim como pela sepultura do papeleiro (Carlos Miguel dos Santos, que morreu em decorrência de queimaduras em 2012). Só que o papeleiro sim já foi esquecido nessas visitas e Naiara ainda é procurada — conta Helena Ribeiro, funcionária da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e que atua num escritório do cemitério.
A lápide de Naiara veio de uma doação e foi instalada com a mobilização da equipe do cemitério _ a foto foi providenciada pela família. As visitas ocorrem com mais frequência aos finais de semana ou durante enterros, quando as pessoas aproveitam para ir até a sepultura da criança. Ontem, por exemplo, curiosos que haviam participado de um sepultamento paravam por breves segundos para observar a foto de Naiara.
— Muitos adolescentes visitam a Naiara. A gente também vê desenhos de crianças ali — detalha Helena.
A frase "Nunca será esquecida" grafada num cartaz deixado pelos participantes da caminhada para marcar o primeiro ano da morte de Naiara, realizada no último sábado, já começava a se deteriorar em função da chuva. Paulo Staudt, chefe do setor de cemitérios públicos, diz que os desenhos e as flores são colocados no lixo porque apodrecem, mas são ladrões que levariam embora brinquedos como ursinhos e bonecas.
— Sabe como é: roubam para vender, trocar por drogas — suspeita Staudt.
Pela regra do município, os restos mortais de Naiara só poderiam permanecer na gaveta por cinco anos. Por isso, a intenção dos responsáveis pela administração do cemitério é transformar a sepultura num memorial, a exemplo do que foi erguido para outra menina, Anita Saul, a Ciganinha, morta aos oito anos em 1958 e considerada por muitos como milagreira.
— A prerrogativa do que fazer com os restos da menina é da família, mas temos essa ideia de manter a história viva — adianta o chefe do setor.
No ano passado, populares cogitaram erguer um memorial na casa onde a criança foi morta no bairro Serrano, ideia que nunca ganhou força. Os proprietários decidiram demolir o imóvel para evitar depredações em represália ao crime.
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