A execução de obras para melhorar a segurança em trecho crítico da BR-116, nas proximidades do bairro Planalto, em Caxias do Sul, foi a principal demanda abordada durante vistoria realizada no local na manhã desta sexta-feira (8). No encontro, que contou com representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Ministério Público Federal (MPF), da Câmara de Vereadores e da comunidade, moradores das proximidades cobraram a execução de melhorias ao longo do trecho de 900 metros no qual o Dnit construiu uma pista adicional em setembro do ano passado. Após a obra, pelo menos três acidentes com características semelhantes foram registrados no entorno, no período de um mês, nos quais os automóveis invadiram o pátio de casas situadas às margens da via.
Leia mais:
DNIT anuncia instalação de contenção metálica em trecho crítico da BR-116, em Caxias
Carro invade terreno de residência em trecho urbano da BR-116, em Caxias do Sul
Com a obra, a pista ficou sem acostamento, e as casas e estabelecimentos comerciais situados nas proximidades, sem parte da calçada e do acesso às residências. Em função do risco elevado de acidentes e das condições de insegurança para os pedestres na região, o MPF recomendou ao Dnit que avalie a execução de pelo menos duas adequações ao longo do trecho: a construção de uma nova pista de desaceleração - que dê margem para os veículos reduzirem a velocidade na manobra de acesso aos imóveis situados em paralelo à rodovia – e uma área de passeio mais abrangente em frente a esses locais.
Essas medidas podem ser feitas mediante alteração do projeto da obra ou apenas a partir da concretização do projeto original (que prevê que os acessos às residências fossem devolvidos à comunidade na mesma condição). A instalação de um redutor de velocidade antes do ingresso no trecho também faz parte do conjunto de demandas encaminhadas pelos moradores.
A analista do MPF, Daniela Grechi, confirmou a dificuldade que os motoristas e moradores enfrentam diariamente no trecho. Ela aponta que as medidas devem reduzir os riscos.
— A restauração das calçadas terá que ser feita para minimizar os danos causados pela obra, evitando acidentes. A gente acabou de ver um caminhão que saiu de uma propriedade lindeira com muita dificuldade – ressalta Daniela.
Segundo o Dnit, no entanto, não existe verba disponível para a realização de novas obras no trecho. Além disso, o superintendente regional do órgão, Daniel Bencke, afirma que o formato dos acessos após a obra está numa condição irregular.
— Perante as normas das rodovias federais, todos esses acessos que estão ali são irregulares. Antes mesmo da obra, o acostamento era utilizado como uma pista de aceleração, o que já era irregular. Com o aumento da pista, para os lindeiros à rodovia realmente ficou mais crítica essa questão dos acessos. Então o que o Dnit tem feito é orientar os moradores para que eles regularizem individualmente, caso a caso - destaca.
Uma das medidas que já foi anunciada pelo Dnit é a instalação da chamada contenção metálica nos trechos críticos nos quais a rodovia ganhou uma nova pista. A proteção deve ser feita ao longo das próximas semanas. As outras medidas devem ser estudadas pelo órgão a partir do encaminhamento de recursos, o que não tem um prazo para acontecer. O MPF não deve encaminhar medidas judiciais antes que sejam discutidas as possibilidades de resolução.
“Depois da obra, virou um pandemônio”
Há 34 anos, Eroci Avella, 71 anos é proprietário de uma empresa de comercialização de madeiras na BR-116. Ele conta que a demanda pela construção de uma nova pista era uma reivindicação antiga da comunidade. No entanto, se decepcionou ao ver o resultado da obra, que tem gerado apreensão aos donos de estabelecimentos próximos.
Segundo Avella, as novas condições da rodovia estão prejudicando o seu negócio - que lida com grandes carregamentos de madeira diariamente.
— Quando chove, tranca o trânsito. Graças a Deus que não morreu ninguém depois dessa obra. É um perigo, ontem mesmo fiquei com a carreta trancada aqui, sem conseguir entrar. Depois da obra, virou um pandemônio. Em vez de melhorar, piorou, e piorou bastante. E não só a minha situação, mas de todos os que estão perto – lamenta.