Caxias do Sul vai ter um reforço no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus. A cidade foi incluída na lista de municípios que recebem dinheiro do governo do Estado para desenvolver ações de prevenção às doenças. A confirmação foi feita pela coordenação da Vigilância em Saúde da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (5ª CRS) à prefeitura na última quinta-feira, um dia depois do anúncio da Secretaria Estadual de Saúde. Porém, até sexta o recurso ainda não havia sido disponibilizado. O valor é de R$ 236.854,73.
O rol de municípios que receberão verbas foi ampliado em 88, passando de 232 para 320, o que aumentará o aporte total de R$ 2,4 milhões para R$ 4,5 milhões. O montante para cada cidade varia conforme a população, já que está associado ao número de moradores – R$ 0,49 por habitante.
Além de Caxias, na Serra também será contemplada Canela. Entre os novos municípios estão ainda Porto Alegre e Panambi, na região Noroeste, em que foi registrado o primeiro caso de dengue autóctone (contraída no Estado) em 2019. Na sexta, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) confirmou a ocorrência do segundo caso de dengue contraída dentro do Rio Grande do Sul. Trata-se de um habitante de Cândido Godói, também na região Noroeste. De acordo com a SES, essa nova listagem inclui municípios nos quais há necessidade de cooperação técnica e financeira do Estado por apresentarem infestação do Aedes. O dinheiro deve ser destinado para a aquisição de materiais e equipamentos de proteção individual (EPIs) para os agentes de endemias e comunitários que fazem a prevenção e monitoramento do mosquito.
Caxias já registrou dois casos suspeitos da dengue neste ano. Um deles, de uma mulher de 37 anos, moradora do bairro Serrano e que não tinha viajado nos últimos tempos, teve resultado negativo. O outro, também de uma mulher, de 23 anos, do bairro São Victor Cohab, aguarda resultado da análise laboratorial, que é feita pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), na Capital. Ela esteve em Dubai recentemente e o caso foi notificado no dia 10 de janeiro. Nas duas situações, a equipe da Vigilância Ambiental do município fez varreduras no entorno das casas em que as mulheres moram e não verificou a presença do mosquito. Aliás, segundo a vigilância, nenhum foco foi encontrado neste ano na cidade.
No ano passado, foram identificados 17 focos em 10 bairros diferentes. Foram sete casos suspeitos de dengue em 2018 – três em janeiro, dois em março e dois em abril. Além disso, foram cinco suspeitas de chikungunya e duas de zika. Nenhum deles foi confirmado. Apesar de ser considerada infestada desde 2012, conforme a Vigilância Epidemiológica, Caxias nunca teve um caso autóctone de dengue. O município tem o mosquito, mas não o vírus circulante.
Cuidados redobrados no calor
A coordenadora substituta da Vigilância Ambiental, Delvair Zortéa da Silva, alerta para os cuidados que a população deve ter com a prevenção, já que o clima, com altas temperaturas e umidade, tem sido propício para a proliferação do mosquito. Em condições como as atuais, um ovo do Aedes pode eclodir no período de sete a nove dias.
– Observamos que o mosquito está se espalhando na nossa cidade. A cada sete a nove dias, se as pessoas não tomarem conta e avaliarem seus imóveis, correm o risco de estar criando o mosquito. Desde 2012, o município se manteve na condição de infestado pelo Aedes. Só não temos a circulação viral.
Faltam agentes de combate a endemias
Do dia 11 ao dia 15 deste mês, os agentes de combate à dengue realizam o primeiro Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (Liraa) do ano na cidade. O problema continua sendo a falta de pessoal. Caxias tem 58 agentes de combate a endemias, 160 a menos do que deveria ter, segundo relataram os servidores ao Pioneiro em reportagem publicada em novembro do ano passado. O reforço acaba vindo dos agentes comunitários, que ajudam nas ações de prevenção ao mosquito.
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, o processo seletivo para o cargo de agente de endemias está vigente até 12 de fevereiro. As últimas contratações ocorreram no ano passado, quando quatro foram contratados, sendo o último em agosto. As equipes se movimentam pela cidade predominantemente de ônibus. Em novembro, o Pioneiro mostrou que a falta de veículos estava dificultando o trabalho dos servidores das vigilâncias sanitária e ambiental. Na quinta-feira, a secretaria informou que seis veículos foram remanejados para atendimento às vigilâncias. Além disso, os setores receberam apoio de veículos da Secretaria de Obras e das subprefeituras.
EVITE O MOSQUITO
Cuidados dentro das casas e apartamentos:
:: Tampe os tonéis e caixas d'água.
:: Mantenha as calhas sempre limpas.
:: Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo.
:: Mantenha lixeiras bem tampadas.
:: Deixe ralos limpos e com aplicação de tela.
:: Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia.
:: Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais.
:: Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
Área externa de casas e condomínios:
:: Cubra e realize manutenção periódica de áreas de piscinas e de hidromassagem.
:: Limpe ralos e canaletas externas.
:: Atenção com bromélia, babosa e outras plantas que podem acumular água.
:: Deixe lonas usadas para cobrir objetos bem esticadas, para evitar formação de poças d'água.
:: Verifique instalações de salão de festas, banheiros e copa.
Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar
TIRE DÚVIDAS
O que é dengue?
Virose que se espalha rapidamente e é transmitida ao homem pelo mosquito Aedes aegypti.
Existe vacina? Quantas vezes se pode ter dengue?
Não existe vacina. Há quatro tipos de vírus (Den 1, Den 2, Den 3 e Den 4), e pode-se adoecer por cada um dos vírus circulantes que está no mosquito, então, quatro vezes. Cada tipo confere imunidade.
Como é o mosquito da dengue?
O inseto é um pernilongo escuro com listras brancas. Com hábitos diurnos, o Aedes é um mosquito doméstico e se alimenta de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. O voo é de cerca de 200 metros de distância. A reprodução ocorre em água parada, a partir da postura de ovos pelas fêmeas. Nos últimos anos, houve adaptação do mosquito que passou a se reproduzir também em água suja. Com o calor e umidade, os ovos levam de sete a nove dias para eclodir. Mas, eles chegam a durar 450 dias sem a presença de água.
Como o mosquito se infecta?
O Aedes aegypti somente se infecta com o vírus da dengue ao picar uma pessoa com a doença, então o mosquito passa a transmitir o vírus.
Quais os principais sintomas da dengue?
Na dengue clássica, 99% das pessoas apresentam febre durante cerca de sete dias com início abrupto; 60% têm dor de cabeça frontal severa, dores nas articulações e músculos; 50% têm dor atrás dos olhos (retro-orbital); 50% têm prostação, indisposição, perda de apetite, náusea e vômitos; 25% têm manchas vermelhas no tórax e braços.
O que fazer diante de uma suspeita?
A dengue se diferencia de resfriados e gripes por não apresentar sintomas respiratórios. Diante da mínima suspeita de dengue, não utilize medicamento à base de ácido acetilsalicílico. Consulte um médico. Beba bastante água.