Entre os ansiosos moradores dos apartamentos e donos e locatários das salas comerciais do edifício Vêneto, em Farroupilha, está Primo Marmentini. Dono de uma lancheria há 19 anos no térreo do condomínio, o comerciante teve um Corolla destruído por concreto e tijolos na manhã de quarta-feira. Nesta quinta-feira, o homem passou boa parte do dia monitorando o trabalho dos peritos e da empresa responsável pela instalação de palanques de sustentação entre o piso do terceiro andar e o teto do quarto andar, área onde a parede caiu por completo. O carro estava estacionado na frente da lanchonete de Marmentini, na Avenida Independência, e não tinha seguro. O prejuízo incomoda, é claro, mas o comerciante garante estar tranquilo por saber que a amiga Maria Ana Zanetti Mützenberg sobreviveu à explosão e ao incêndio.
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— Eu havia saído para comprar pão para a lancheria e ouvi o estouro, foi muito forte. Quando voltei, meu carro estava assim. Sempre deixei o Corolla ali na frente, não fiz seguro porque não é um carro visado e ficava sempre de olho. Mas a perda do carro não me interessa, o que vale é a vida dela (Maria Ana Zanetti Mützenberg) — resigna-se Marmentini.
Durante o dia todo, moradores e ocupantes das salas comerciais se revezaram em busca de notícias com as equipes que trabalhavam no prédio. Ao lado deles, curiosos acompanharam a movimentação das esquinas e da Praça da Matriz. Parte dos moradores ainda está em viagem e só soube da explosão pelo noticiário, outros chegaram nesta quinta-feira a Farroupilha. Um segurança está de prontidão para impedir o acesso às salas e moradias. A desinterdição do imóvel dependerá de um laudo de engenheiro comprovando que o prédio não oferece riscos de desabamento.
— Precisamos muito desse laudo para liberar a ocupação segura do prédio. Estamos indo atrás, mas não sabemos quando teremos o documento —adianta o coordenador da Defesa Civil de Farroupilha, Gilberto do Amarante.
Vizinhos de porta de Maria, Edemar Basso, sua esposa e dois filhos acordaram com o estrondo na manhã de quarta-feira. Ao olhar pela janela, Basso viu moradores de outros prédios gritando sobre o desabamento. Imediatamente, ele pegou os filhos e a mulher e abandonou o edifício às pressas. Só conseguiu retornar na tarde de quarta-feira para buscar algumas roupas. Desde então, estão abrigados na casa de parentes em Caxias do Sul, a exemplo das outras famílias.
— Íamos sair de férias hoje (quinta-feira). A intenção era ir para a praia. Mas agora está tudo cancelado — diz Basso.