Causou estranheza a informação de que foram reformadas neste ano as escolas municipais de Ensino Fundamental Laurindo Formolo, Governador Roberto Silveira e Senador Teotônio Vilela e as escolas de Educação Infantil Dr. Renan Falcão de Azevedo e Aurora Milesi Rizzi.
A notícia foi enviada pela Secretaria Municipal da Educação (Smed) à colunista do Mirante, Rosilene Pozza, na sexta-feira, 23 de novembro, como resposta às críticas da oposição sobre promessas de campanha do prefeito Daniel Guerra na área da educação.
Veiculada na edição de sábado passado, a nota da prefeitura provocou alvoroço nos bastidores de parte das comunidades escolares. A confusão foi gerada pelo uso da palavra "reformadas", dando a entender que as instituições citadas acima receberam amplas melhorias, o que não condiz com a realidade.
A Laurindo Formolo, no bairro São Ciro II, é uma delas. A escola enfrenta problemas estruturais há 10 anos. Em 2018, a prefeitura colocou piso cerâmico numa sala de estudos especiais e manta asfáltica para conter as goteiras do telhado velho de um dos prédios. Mas a sonhada reforma, que traria vida nova para alunos e professores, ainda não tem projeto definitivo. O cenário não é animador. As paredes externas têm buracos, alguns tapados por placas. A parede interna do refeitório é sustentada por um armário. O piso de madeira de uma salas de aula apresenta deformidades hoje escondidas por pequenas placas de metal. A solução é a construção de um novo prédio, ainda sem prazo.
A luta da comunidade da Laurindo Formolo é antiga e a revitalização vem sendo prometida por diferentes governos. Foi neste ano que os técnicos descobriram que o prédio sequer tinha matrícula no registro de imóveis, segundo a vice-diretora Flávia Longhi. A própria escola recorreu aos vizinhos para repassar ao município dados de confrontações de terrenos.
— A secretaria nos informou que teríamos recursos reservados para construir a nova escola. Mas certamente o que tivemos nesse ano não foi uma reforma — resume a diretora Jaciara Viesser Bosi.
A situação não é diferente na Governador Roberto Silveira, no Rio Branco. O sistema de esgoto do prédio é um dilema de muito tempo. Conforme a direção, o prefeito Daniel Guerra teve conhecimento da demanda e garantiu a realização das melhorias. Por enquanto, a intervenção para resolver problemas que afetam os banheiros dos alunos e professores aguarda o desenrolar dos trâmites licitatórios.
Procurada pelo Pioneiro, a Smed não retornou a um pedido de contraponto até o início da noite desta terça-feira.
Por enquanto, pequenos reparos
As outras três escolas citadas pela Smed receberam obras neste ano, mas não reformas estruturais. Na Teotônio Vilela, no bairro Nossa Senhora das Graças, parte da quadra de esportes desmoronou em 2015 e teve os reparos concluídos no segundo semestre deste ano. O prédio é antigo e precisa de uma reforma, mas as condições são melhores que as da Laurindo Formolo, por exemplo.
As salas são muito quentes no verão, situação que seria resolvida com a instalação de climatizadores. No ano passado, a escola tinha recursos para a compra dos equipamentos, mas antes era necessária a reforma da rede elétrica, o que não ocorreu por falta de recursos. A Escola Renan Falcão de Azevedo, no Reolon, enfrentou grave infiltração num pátio externo. A obra de drenagem começou no ano passado e foi concluída em 2018, com a implantação do calçamento.
A situação na Aurora Milesi Rizzi, em Forqueta, deve ser resolvida a partir do final do ano, com as férias escolares. O prédio foi entregue ao município em junho de 2013 e, no ano seguinte, já apresentava problemas estruturais, conforme a prefeitura. O revestimento cerâmico começou a despencar. O município tentou acionar a construtora, mas os donos entenderam não ter responsabilidade pelos defeitos. O caso é tratado judicialmente. Segundo a escola, toda a cerâmica já foi removida para receber o novo revestimento.
ENTENDA O CASO
:: A informação das escolas municipais reformadas em 2018 surgiu em meio à polêmica exposição "Santificados", de Rafael Dambros, em cartaz no Espaço Cultural Mário Crosa, no subsolo da Câmara de Vereadores.
:: Na semana passada, o prefeito vetou a visitação de escolas municipais à Câmara de Vereadores por considerar o conteúdo "inadequado" para crianças.
:: Na tribuna do Legislativo, o vereador Rafael Bueno cobrou as promessas de campanha de Daniel Guerra para construir escolas verticais na cidade.
:: Em resposta às críticas, a Smed informou que a ideia das escolas verticais está em processo de análise e a prioridade no momento é a manutenção das escolas municipais. "Em 2018, foram reformadas as escolas Laurindo Formolo; Governador Roberto Silveira; Dr. Renan Falcão de Azevedo; Aurora Milesi Rizzi e Senador Teotônio Vilela. Outras reformas estão em processo de licitação e, para o próximo ano, estão previstas melhorias em 15 escolas", dizia a nota oficial da secretaria.
Leia também
Mais de 9 mil alunos se inscrevem para vagas na rede pública de ensino em Caxias do Sul
Escolas estaduais de Caxias e região receberam melhorias, mas a demanda ainda é grande
"O governo manda dinheiro e as escolas não sabem usar", diz coordenadora da educação