Para parte das crianças e adolescentes retirados das famílias de origem, o processo que leva até uma adoção envolve sentimentos como rejeição, medo, desconfiança e desamor e um trabalho de reconstrução de todos esses pilares. É que, antes de entrarem na lista de adoção, os acolhidos precisam estar prontos para terem uma nova família. E aí entram as características pessoais de cada um e as questões psicológicas a serem trabalhadas em cada situação. Esse processo costuma ser lento e precisa ser respeitado.
Cada criança e adolescente tem o seu próprio tempo para resolver internamente essas questões. Os pais candidatos à adoção também passam por um período de preparação.
– Toda a criança adotada vai testar o amor dos pais adotivos no seu limite. Inconscientemente, a mensagem que elas estão passando aos pais adotivos é: "vamos ver se tu me amas mesmo ou se vais me devolver. Se eu não for aquela criança ou adolescente queridinho e comportadinho, será que vais me amar mesmo?" Daí, eles começam a aprontar na escola, com um vizinho... para testar até onde aquele pai e aquela mãe realmente os ama ou vai devolvê-los diante das dificuldades. Mas eles não fazem isso de forma consciente – explica a psicóloga Marivanda Ló, que trabalha no sistema de acolhimento em Caxias do Sul.