Na Escola Municipal Prefeito Luciano Corsetti, em Caxias, a segurança na internet é tratada como tema de aprendizado. Além de palestras e orientações sobre práticas de segurança na rede mundial de computadores, desde 2012, foram adotadas medidas que passaram a fazer parte do dia a dia dos alunos e dos professores na aplicação e execução dos conteúdos das disciplinas. O empenho rendeu ao estabelecimento de ensino o Certificado de Escola Digital Segura, a primeira da rede pública no país a receber o selo. Até então, apenas instituições particulares eram certificadas.
– Iniciamos falando com os alunos sobre plágio, pirataria, cyberbullying... – comenta a professora Silvia Fernanda Alves Mazzotti, responsável pelo Laboratório de Informática.
Assim, os estudantes passaram a citar fontes, usar imagens livres de domínio autoral. A escola também adota práticas como só usar material original, como filmes, CDs e livros. Ainda são repassadas orientações sobre redes sociais, como não publicar, nem compartilhar, imagens deles e dos colegas, entre outras ações.
Foi dessa forma, que "em um trabalho de formiguinha", os alunos foram aprendendo que a internet é uma boa ferramenta, mas que também pode ser perigosa, dependendo de como é usada.
– Às vezes, uma foto numa brincadeira, a pessoa está em uma pose que na hora estava brincando, mas, quando vai para a rede, aquilo gera um meme, uma brincadeira sem graça, e acaba expondo aquela pessoa – exemplifica Silvia.
Para a diretora do Luciano Corsetti, Taísa Mano, a certificação é o resultado do trabalho realizado na escola, desde os primeros anos do Ensino Fundamental até a Educação para Jovens e Adultos (EJA), que desenvolve nos alunos hábitos de segurança digital.
– Com a certificação, é o reconhecimento que existe, sim, educação pública de qualidade e que ela está muito próxima de nós. É possível, dá trabalho, temos o envolvimento de toda a equipe, mas vale muito a pena – resume Taísa.
A entrega do selo ocorreu na primeira semana de agosto, instituída por lei como Semana de Conscientização da Exploração Infantil e Combate aos Crimes de Internet. A Escola Municipal Santo Antonio, na localidade de São Pedro da Terceira Légua, também recebeu o selo. Outras instituições da cidade podem se candidatar à certificação. Para isso, elas têm que responder a um questionário. Com base nas respostas, é avaliado os pontos que a escola não atingiu e quais as ações precisam ser implementadas para alcançá-los. É aplicado um segundo questionário para a certificação. A iniciativa de certificar as escolas públicas partiu do técnico de informática da Smed, Alexandre José Corso, que faz parte do Família Mais Segura na Internet, movimento do Instituto iStart Ética Digital.
– Não se tem uma disciplina de segurança na internet. Porque ela tem que circular em tudo – diz Alexandre Corso, técnico em informática da Smed.
Alunos mudaram comportamento
Segundo a escola, as boas práticas, já tiveram resultado no comportamento dos adolescentes. Discussões em rede social que, antes, acabavam em confusão na escola, praticamente, não ocorrem mais.
– É uma conquista (a certificação). É muito bom saber que estamos contribuindo para essa gurizada saber se colocar frente à internet, à publicidade, ser mais criterioso, respeitar a autoimagem. Sabemos que 100% não vamos conseguir, mas é uma sementinha que estamos plantando – diz a professora Silvia Fernanda Alves Mazzotti, responsável pelo Laboratório de Informática.
Do laboratório, os alunos, pelo menos alguns deles, passaram a adotar as práticas também fora da escola, em família, em grupos de amigos, na vida particular.
– Tinha várias coisas sobre Facebook, Google e YouTube, que eu pensava que podia, mas, na real, não podia. Como baixar vídeo, é pirataria. Repassar vídeo, imagens que pensei que poderia, só que não pode e dá problema. Então, evito ao máximo – comenta Fabrício Stecanela Pedroni, 15 anos, aluno do 9º ano.
– Em redes sociais, normalmente, postamos fotos que podem nos expor de alguma forma, ou fazemos chek-in em determinados lugares, e isso acaba nos expondo muito. Tudo que é aprendido na escola, temos que levar para fora. Além de nos ensinarem coisas da escola aprendemos coisas para a vida – reforça Kamilly Zanette Neves, 14 anos, que integra o grêmio estudantil.
O QUE PODE E O QUE NÃO PODE
NÃO PODE
:: Verifique sempre qual a idade mínima para usar sites, serviços via web e aplicativos. Crianças e adolescentes com menos de 13 anos não podem ter contas no Facebook, WhatsApp, Google, YouTube. Nesses casos, os pais são os responsáveis.
:: Divulgar imagens de crianças e adolescentes é crime previsto no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).
:: Comentários de discriminação, seja racial, de gênero ou religioso podem fazer com que a pessoa seja responsabilizada criminalmente.
PODE, MAS NÃO DEVE
:: Divulgar ou compartilhar fotos que causem autoexposição ou exponham outras pessoas.
:: Fornecer dados pessoais, como telefone, endereço e postar fotos que identifiquem onde a pessoa mora.
:: Publicar mensagens com textos que indiquem que a pessoa estará em férias ou fora de casa, como por exemplo, hashtag partiu feriadão.
:: Fazer check-in em cinemas ou outros locais que demonstrem que a pessoa estará fora de casa ou sem comunicação por determinado período. Se quiser, faça o check-in depois.
:: Aos pais, evitar postar fotos dos filhos que possam constrangê-los no futuro.
:: Publicar xingamentos e ofensas de forma geral.
O QUE FAZER
:: Os pais devem procurar a Delegacia de Polícia mais próxima para registrar um Boletim de Ocorrência e os filhos devem comunicar o incidente para seus educadores e família logo após a ocorrência de qualquer crime digital.
:: Guarde as imagens de tela ("print-screen") do eventual crime ocorrido.
:: É essencial que a prova do crime digital seja preservada. Portanto, caso o equipamento tenha vestígios de um crime digital, não apague os arquivos.
:: Dependendo da situação, o juiz poderá solicitar que seja feita uma perícia no equipamento.
:: Além disso, poderá ser registrada uma Ata Notarial em um Cartório de Notas: a Ata Notarial é um documento elaborado pelo Tabelião (uma espécie de certidão), em que ele descreverá o conteúdo de um site, de um e-mail, etc. A Ata Notarial é uma prova plenamente válida em juízo.
:: Procure um advogado para lhe orientar sobre o que pode ser feito judicialmente.
Fonte: familiamaissegura.com.br