A irmã Edna dos Santos Rodrigues olha com carinho cada integrante do grupo que frequenta a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, no bairro Municipal, em Vacaria. São 11 mulheres reunidas para encontros quinzenais em que a meta é aprender como usar plantas na fabricação de xaropes, tinturas e medicamentos caseiros.
A iniciativa é uma parceria do Ministério Público (MP) com a Cáritas Diocesana de Vacaria dentro do projeto Acolher. Parece pouco aprender a lidar com ervas medicinais para enfrentar a violência doméstica, mas é muito quando se coloca a iniciativa dentro da perspectiva de pertencimento e do apoio mútuo.
— Nossa missão é desenvolver ações e atividades onde inserimos as mulheres da comunidade, entre elas, as vítimas da violência, para um trabalho preventivo — conta a religiosa ligada à congregação Irmãs Catequistas Franciscanas.
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São sete grupos espalhados pela cidade, a exemplo da equipe do Municipal. No planejamento, as voluntárias querem ofertar oficinas de pintura, artesanato e bordado, panificação e preparação de hortas. O entendimento é de que uma mulher ocupada com afazeres fora de casa pode desenvolver mais autonomia, conquistar uma profissão e não depender apenas da renda do marido. Entre as alunas, está Margarete Venâncio Costa, 50. Ela já viu conhecidas perderem a vida pela violência. Assim como as outras colegas, Margarete quer abraçar a causa e estimular os demais moradores do bairro a dizer um basta.
— A gente vê as crianças que passam uma noite de terror em casa e serão recebidas no dia seguinte na escola. Hoje, estou no grupo das mulheres, depois vou querer lidar com os jovens — sonha a integrante do grupo.