Pouca gente sabe, mas a água do Tega é distribuída própria para consumo para cerca de 8% da população de Caxias do Sul. A captação é feita no complexo de barragens Dal Bó, onde ficam três represas – São Paulo (a do Jardim Botânico), São Pedro (do Ecoparque) e São Miguel (onde são desenvolvidas atividades náuticas), no bairro Fátima. Daí, a preocupação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Samae) com a preservação no lugar.
– Ela é uma parte protegida da bacia, que preserva todas as nascentes, os corpos d'água, os banhados, no sentido de que tenha quantidade e qualidade de água chegando nos lagos para poder utilizá-la para consumo – diz o diretor da Divisão de Planejamento do Samae, Gerson Antonio Panarotto.
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A água que sai das represas vai para a Estação de Tratamento de Água (ETA) Borges de Medeiros, que fica no bairro Madureira, onde é tratada e distribuída para cerca de 38 mil moradores dos bairros Universitário, Madureira, parte norte do Centro, parte leste do São José, do Jardim América e do Jardelino Ramos.
Isso só é possível porque, antes do complexo de barragens, a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Dal Bó, no bairro Século 20, trata o esgoto sanitário recolhido dos bairros Marilan, Século 20 e São Ciro. Depois de passar pela filtragem biológica (sem adição de produtos químicos) e por um banhado construído, o efluente volta para o curso natural do Tega. Está em execução um projeto do Samae para desativar a ETE Dal Bó e levar os esgoto destes bairros para a ETE do Tega, no bairro Santa Catarina, sob a ponte da ERS-122, na Rota do Sol.
– O Samae tem uma preocupação muito grande com a preservação dessas áreas (de captação). A fiscalização atua quanto à ocupação e uso do solo e tudo isso permite termos uma água de qualidade. A manutenção das nascentes e dos banhados é muito importante para manter vivo o início de tudo – garante Marcio Vicente Duarte Adami, da Divisão de Recursos Hídricos do Samae.
É nessa parte ainda natural do Tega e quase à margem dele, no bairro Século 20, que o seu Pedro Leite, 55 anos, mora há três décadas. Mais de uma vez, ele viu os peixes sumirem e reaparecerem. A cada episódio "estranho" no arroio, ele diz que liga logo para o Samae.
Faltam fiscais, mas população pode ajudar
Nos locais onde a rede de esgoto sanitário passa em frente as casas, os moradores têm que fazer as ligações sob pena de responsabilização. Nos pontos onde a rede é mista (recebe dejetos e água da chuva) ou onde não há rede, as pessoas tem de instalar fossa séptica e filtro por onde o esgoto deve passar antes de ser lançado ou na tubulação ou no arroio.
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Samae) garante que faz a fiscalização de situações em que há lançamentos irregulares de esgoto no arroio em locais onde existe rede específica para esgoto sanitário na cidade. Notifica e autua quando identifica algum problema. Mas, para isso, conta apenas com dois fiscais.
Diante do déficit de pessoal, a atuação acaba limitada a novas construções, onde há e onde não há rede, e quando recebe denúncias da comunidade. A fiscalização é mais efetiva na área de captação de água no complexo Dal Bó onde o trabalho é feito por quatro servidores.
À Secretaria Municipal de Meio Ambiente, cabe o licenciamento e controle sobre os efluentes lançados pelas empresas e indústrias e, também, de forma geral, na área rural no entorno do arroio.
Denúncias:
Alô Caxias 156
Samae 115