A reinvenção é vital para as instituições que investem pesado nos cursos presenciais para enfrentar a concorrência dos ambientes virtuais de estudo. Os espaços construídos ao longo de anos deverão ser direcionados cada vez mais para explorar recursos de laboratórios, o chamado Movimento Maker, na visão do pró-reitor de Educação a Distância do Grupo Cruzeiro do Sul, que controla o Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG) em Caxias, Carlos Fernando Araújo. A tendência é estimular o conhecimento prático do estudante na exploração de impressoras 3D, de sistemas de robótica e outros recursos que já estão disponíveis em algumas faculdades, deixando as disciplinas mais teóricas para o ambiente virtual.
— Vai continuar existindo pessoas com interesse em fazer os cursos presenciais, mas você vai ter uma certa hibridação. Os espaços vão sobrar e serão utilizados de outra forma. Pretendemos nos nossos cursos semipresenciais fazer esse espaço maker, onde tem lá uma impressora 3D, por exemplo, numa área diferenciada de criatividade que vai afetar tanto a EAD quando o presencial — diz Araújo.
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Claudio Meneguzzi Jr., reitor da Uniftec, percebe que toda a tecnologia trazida pela EAD tende a se integrar com o formato tradicional. E as instituições com força local, com toda a estrutura de salas, laboratórios e pavilhões, estarão mais preparadas.
— Hoje anda mais separado, mas vai ter um momento, olhando mais pra frente, que será integrado.
O aluno, mesmo sem perceber, entende que a universidade local vale mais para o seu conhecimento, para o que ele precisa — complementa Meneguzzi.
"Manter um presencial é muito caro"
Duas novas faculdades que desembarcaram em Caxias do Sul nos últimos meses não precisam de muito espaço para formar universitários e tecnólogos. Os polos da Universidade Paulista (Unip), de São Paulo, e do Centro Universitário Facvest (Unifacvest), de Lages (SC), funcionam juntos num único andar da Galeria Jotacê, no centro da cidade. A Unifacvest também está formando profissionais em outro polo na cidade, mais amplo, que atende no Sindicato dos Metalúrgicos, inaugurado em março.
Os polos que atendem na galeria estão sob o guarda-chuva do Instituto Paideia, empresa caxiense dirigida por Paulo Geremia. Juntos, oferecem um total de 48 cursos a distância, É uma amostra da mudança de concepção sobre a educação superior na cidade. Se o aluno não gostar da grade curricular de uma faculdade, pode escolher o leque de opções de outra instituição num mesmo local.
Para o coordenador do Paideia, Mauro Trojan, a EAD é a saída diante dos altos custos para se manter um estabelecimento totalmente nos moldes tradicionais. O instituto mantém convênio com cerca de 70 empresas.
— Manter um presencial é muito caro. Pega uma faculdade que está começando com cinco ou seis cursos, vai ter cinco e seis salas. Em cinco anos, vai ampliar o número de cursos e vai precisar de mais quantas salas? 40? — diz Trojan, que já foi diretor da antiga Faculdade dos Imigrantes (FAI). A FAI não resistiu diante da concorrência com outras faculdades e encerrou as atividades.
A Facvest do Sindicato dos Metalúrgicos quer fazer a diferença em Caxias. O polo não quer ficar restrito aos cursos EAD e projeta ter graduações presenciais em 2019.
As instituições que estão expandido a EAD não usam apenas o preço das mensalidades para fisgar os alunos. Vale incluir diferenciais. Na Uninter, estudantes de comunicação levam uma mala para casa com um kit contendo máquina fotográfica de alta resolução, gravadores, fones, etc, segundo o gestor da unidade em Caxias, Rudinei Perin Francescatto. É uma espécie de laboratório caseiro para as práticas em Jornalismo e Publicidade e Propaganda, afinal, nem todos os polos têm estúdios como os das universidades.
A Unicesumar, que se instalou na cidade em 2016, garante que tendo dedicação, um aluno sai como engenheiro ou diplomado em gastronomia com boa parte da prática em casa ou nos laboratórios.
— Percebemos que na Engenharia havia desistência nas faculdades tradicionais e o custo alto também desestimulava, pois os alunos pegavam menos cadeiras e levavam muito mais tempo para concluir o curso. Agora, tu consegue fazer em cinco anos senão reprovar. Apostamos em métodos mais práticos para não ser monótono — diz Adelyne Pereira, da gestão comercial da Unicesumar.
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