A prisão do empresário caxiense Milton Tiago Branco Bittencourt, 31 anos, na última segunda-feira, causou estranheza para quem convive e trabalha com ele. Bittencourt havia assumido como sócio minoritário de uma academia de musculação na área central de Caxias há cerca de quatro meses, onde atuava como instrutor há cinco anos. Além disso, Bittencourt trabalhava como entregador em outra em empresa há pelo menos nove anos. Para colegas de trabalho, a notícia da prisão de Milton foi uma surpresa. Conhecido como uma pessoa íntegra e dedicada, ele não possuía nenhum antecedente criminal.
— Ninguém consegue entender o que houve. Ele não é um cara que teria um perfil para algo assim, era muito dedicado ao trabalho. Ele certamente teve a influência de alguém. Se o problema dele fosse dinheiro, poderia ter pedido para nós — espanta-se um conhecido.
Como entregador, Milton trabalhava das 4h30min às 15h30min. Após esse expediente, ele geralmente ficava até por volta das 23h na academia. Há cerca de três meses, após entrar como sócio do estabelecimento, Bittencourt colocou uma motocicleta à venda, dando a entender que precisava de recursos. A venda não chegou a ser concretizada.
No dia do roubo, uma situação chamou a atenção. Normalmente, Bittencourt costumava estar na academia por volta das 17h. Na segunda-feira, porém, ele não compareceu no horário previsto e avisou que tinha um compromisso para resolver. Foi nesse horário que ele saiu correndo para supostamente se exercitar. Detalhe: ele não tem o hábito de correr no final da tarde, pois sempre está na academia.
Por volta das 18h, a cerca de 1,5 quilômetro da academia, no bairro São Leopoldo, ele acabou pegando o malote da funcionária da lotérica e tentou fugir. Ao ouvir os gritos de socorro da vítima de assalto, o condutor de um Astra jogou o veículo contra Milton. Em seguida, o motorista deixou o carro e passou a agredir Milton. Outras pessoas se aproximaram para conter o assaltante, que continuou a ser agredido até a chegada da polícia, cerca de 20 minutos após.
Ele foi mandado ao Presídio Regional de Caxias do Sul (PICS). Até por volta das 15h20min de ontem, o advogado de Milton confirmou que ele permanecia preso, embora o pedido de liberdade já houvesse sido encaminhado. A reportagem não conseguiu retomar contato com a representação jurídica do empresário para confirmar se Milton já havia sido solto.
— Na verdade está difícil acreditar. Quando comentaram eu falei "não, não pode". Ficamos atônitos. A gente não sabe o que passa na cabeça da pessoa. Nunca tinha indicado estar passando por problemas financeiros e nunca nos pareceu que ele pudesse fazer isso. A própria esposa dele veio aqui (na academia) e disse que também estava chocada com o que aconteceu — informou o dono da academia, que preferiu não se identificar.