Moradores, prefeitura, órgãos de segurança e de assistência social concordam que um dos desafios de quem vive nos dois principais residenciais populares de Caxias do Sul – o Campos da Serra e o Rota Nova, é conviver com as diferenças. Vindas de bairros diversos, com hábitos culturais e escolaridades diferentes, elas tiveram de passar a vizinhar e dividir espaços comuns nos condomínios.
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Em ambos os casos, a equipe de um projeto de reassentamento fez um trabalho de preparação e acompanhou a transferência das pessoas até as novas moradias. Mas muitos gostariam que essa assistência tivesse continuidade.
– Entendemos que é uma batalha para todo mundo, se acostumar, ter convivência, mas a gente precisa de ajuda. Necessitamos de saúde, de transporte. Pago meus impostos. Qual a diferença de mim para um morador de outro bairro? – questiona Ariane da Silva, moradora do Rota Nova.
– Meu marido ficou 11 meses desempregado porque quando dizia que morava no Campos da Serra ninguém contratava. Agora, ele trabalha ali perto – relata a moradora Rosana de Almeida.
O secretário de Habitação, Elisandro Fiuza, admite que, depois do reassentamento, não há outro tipo de assistência. A prefeitura faz vistorias mensais ou bimestrais nos residenciais para verificar se as pessoas que estão ocupando os imóveis são os reais beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida. Os casos de irregularidades são informados à Caixa Econômica Federal.
– Aí, já parte das pessoas conviverem e viverem com suas próprias pernas. A situação é difícil para todo mundo. Quando você se inscreve em um programa como este, é sorteado e consegue ter o direito e a dignidade de ter a sua casa própria, precisa aprender a assumir compromissos – diz o secretário.
Próximos condomínios devem garantir acesso
A prefeitura de Caxias do Sul diz não saber quantas pessoas vivem em situação de risco ou em ocupações na cidade. Um levantamento servirá de base para fazer o mapa da habitação no município. No segundo semestre, haverá o anúncio dos locais onde devem ser erguidos dois novos residenciais.
Mesmo sem dar detalhes de onde ficarão os novos empreendimentos, a prefeitura parece ter aprendido a lição. O secretário da Habitação, Elisandro Fiuza, garantiu que serão na área urbana e próximos a serviços de saúde e educação. A prefeitura busca recursos para construção de cerca de 700 unidades. As áreas estariam em fase de licenciamento ambiental.
– Faremos frações habitacionais menores, mas onde tenhamos serviços para que aquela população seja contemplada não apenas no quesito habitacional, mas também no direito de ter serviços como UBS, escola, creche e tudo mais – disse.