Os olhares de estranhamento e a tímida empolgação eram perceptíveis em quem se aproximava da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, na tarde deste sábado, em Galópolis. Apesar do clima festivo com carros de som e pessoas fantasiadas, o comportamento dos moradores era justificado, afinal, a normalmente discreta comunidade presenciou a realização da 1ª edição do Bloco da Farofada, evento de carnaval promovido por grupo independente do próprio bairro.
No entanto, o que era para ser uma festa entre amigos, acabou ganhando uma dimensão maior e atraindo diferentes perfis e famílias para festejar a folia no entorno da Praça Duque de Caxias.
— Temos um grupo de amigos e decidimos fazer algo diferente e aqui mesmo, em Galópolis. Gradualmente o evento foi ganhando grandes proporções. Nos últimos 15 dias achei bem surpreendente o envolvimento de todos — comenta uma das organizadoras, Schayane Isoton.
A auxiliar administrativa comenta que o bloco recebeu apoio de comerciantes e até interesse da subprefeitura em colaborar:
— Acabamos nos esforçando bastante para a realização, foi uma organização que durou alguns meses, porque precisamos de autorizações para bloqueios de rua, alvarás e até a aceitação da comunidade, que normalmente tem certo preconceito com sons automotivos. Espero que a opinião deles mude um pouco depois do evento — ressalta.
Moradora do bairro há cerca de 30 anos, Joana Oliveira, não escondia a felicidade em participar do evento:
— Nunca tinha visto algo assim em Galópolis. Tem tudo para servir de inspiração para outros bairros e espero que aconteça de novo por aqui. As pessoas precisam desse tipo de coisa para se distrair dos problemas — comentou.
A mesma surpresa era compartilhada pela autônoma Carla Piccoli e sua família. Moradora de Galópolis há mais de 40 anos, ela destacou a importância de eventos descentralizados para entretenimento, principalmente para o público jovem.
— Essa gurizada precisa de atividade. Eles se concentram em lugares que só têm bebidas alcoólicas e não lugares para se divertir. Vão tudo para os trilhos (Largo da Estação Férrea), mas isso (o evento) mostra que não precisa sair do bairro pra se divertir. Mas é preciso que haja mais festas como essa — defende.
Até por volta das 17h, mais de 300 pessoas se espalhavam pela praça e pelas ruas adjacentes. Além de carros de som, o evento contou com bancas de comércio de bebidas e food trucks.
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