Era 21h50min, quando Graziela Cardoso dos Santos, 25 anos, e Dieze Cardozo Ribeiro, 21, subiram no ônibus urbano da Visate que as levaria até o Centro para seguirem para suas casas depois de mais um dia de trabalho. Mas, pouco adiante do ponto de embarque, o trajeto foi interrompido por um ataque de criminosos.
Segundo relatos das duas, um homem interceptou o coletivo na Avenida Brasil, no bairro Jardim América. No total, quatro homens entraram no veículo – um deles estava armado. Eles anunciaram um assalto, pegaram celulares, jogaram gasolina sobre as duas passageiras e o condutor, atearam fogo e fugiram. Eles eram as únicas pessoas no coletivo.
O motorista, André José Ferraro, 39 anos, teve queimaduras pelo corpo e foi encaminhado ao Hospital Pompéia, onde permanece internado. O hospital não deu informações sobre o estado de saúde dele.
As jovens foram socorridas pelo Serviço de Atendimento-Móvel de Urgência (Samu) e levadas ao Postão 24 Horas onde foram atendidas, medicadas e liberadas.
O incêndio foi controlado pelos Bombeiros, mas as chamas atingiram a rede de energia elétrica e parte do bairro ficou sem luz.
As duas jovens conversaram com o Pioneiro e relataram como foram os momentos em que estiveram sob a ameaça dos criminosos. Dois suspeitos foram presos pela Brigada Militar após perseguição nas imediações do local do fato.
Confira alguns trechos da entrevista:
Pioneiro – Como tudo aconteceu?
Graziela – Estávamos voltando do trabalho. Pegamos o ônibus de 21h50min. Descendo a Avenida Brasil, perto do 'burgo', um rapaz atacou o ônibus, anunciou o assalto. Eu chamei minha colega e disse: é um assalto. Fomos para próximo deles, porque nos chamaram para perto do motorista, e entregamos os celulares.
Pioneiro – Em que momento perceberam que iriam colocar fogo no ônibus?
Graziela – Quando enxerguei os litros de gasolina, me deseperei. Na hora, pensei: Eles vão incendiar o ônibus com a gente. O rapaz gritou com o motorista: abre a porta de trás. E já saiu largando gasolina em nós e no motorista e ateou fogo com a gente dentro. Não nos deram chance de nada.
Dieze – Só por Deus que saímos de lá, porque ele jogou gasolina na gente. Ainda que não pegou na nossa roupa, como fizeram com o motorista. Jogaram nele, no rosto dele.
Pioneiro – Como conseguiram sair?
Dieze – Nem sei nem como a gente saiu. Até meu calçado pegou fogo. Foi o quanto saímos e nos jogamos na calçada e o ônibus explodiu.
Pioneiro – Vocês acreditam que a intenção era roubar?
Dieze – Eu acho que era a de colocar fogo mesmo. Só quiseram fazer parecer que era um assalto.