Cenário de um atentado que deixou dois alunos mortos e quatro feridos, o Colégio Goyases, em Goiânia, foi fundado por uma educadora caxiense. Roseli Maria Longa Rizzo, natural de Caxias do Sul, criou e é a diretora da escola que, desde a última sexta-feira, tem como cenário uma comunidade escolar devastada e que tenta entender a complexidade da tragédia. A instituição foi fundada em 1994 quando Tia Rose, como é conhecida entre os alunos, decidiu empreender após uma experiência bem sucedida de atendimento educacional em domicílio. Na última sexta, a diretora havia saído para o almoço quando o aluno, de apenas 14 anos, abriu fogo contra os colegas em uma sala de aula. Minutos depois de chegar em casa, Rose ligou a televisão e viu notícias sobre um tiroteio em uma escola de Goiânia. Ao saber que se tratava do seu colégio, entrou em estado de choque.
— Ela precisou de atendimento médico em casa e, ainda hoje (segunda-feira), está bastante abalada. Foi uma questão de 10 minutos entre a saída dela para o almoço e a ocorrência _ lembra o irmão de Roseli, o gerente comercial Giancarlo Longa, que ainda mora em Caxias e está junto à irmã em Goiânia.
Roseli mora em Goiânia desde 1984, quando se casou e fixou família por lá. Não se distanciou de Caxias do Sul, já que a família ainda reside na Serra Gaúcha - a última visita foi há duas semanas, segundo o irmão. É com o suporte dos familiares que embarcaram ainda na madrugada do sábado para Goiás que Roseli tem encontrado forças para prestar condolências às famílias das duas vítimas, comparecendo a velórios e enterros durante o sábado. Se a sensação de desespero toma conta da diretora, o que ouviu dos pais das duas crianças mortas trouxe esperança:
— Os pais disseram que não julgam ninguém como culpado.Eles pediram que todos fossem vistos como vítimas — relata o irmão.
Perdão, coragem e força é o conselho que uma professora caxiense deu na manhã desta segunda, por telefone, para Roseli. É a irmã Renata Segat, diretora do Colégio São José, instituição onde Roseli cursou magistério e se preparou para a vida de educadora.
— Ela me contou o quanto está sofrendo, que estava muito chocada e que acredita na educação. Ela ama a educação, e diz que aprendeu aqui a missão de educar. Mas eu disse que somente Deus dá a força para enfrentar uma situação tão dolorosa — lembra a irmã.