O Conselho Tutelar (CT) Sul definirá até esta quarta-feira qual o melhor encaminhamento para cobrar melhorias no atendimento pediátrico prestado pelo Pronto-Atendimento 24 horas (Postão) de Caxias do Sul. O pedido de providências deve ser remetido ao Ministério Público e Conselho Municipal de Saúde.
Na última sexta-feira, enquanto acompanhava uma criança, uma conselheira tutelar foi abordada por diversos pais de crianças, que reclamaram da longa espera por uma consulta. A situação motivou a profissional a redigir um relatório, que foi entregue ao colegiado do CT.
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De acordo com a conselheira Rosane Formolo, na sexta-feira ela chegou ao Postão por volta das 18h. Diferente dos demais usuários, a criança que estava com ela foi atendida rapidamente em razão de estar acompanhada de servidor em plantão. Enquanto permaneceu no local, Rosane revela ter recebido manifestações de descontentamento, sendo que alguns pais relataram estar aguardando o médico por mais de cinco horas, demora que confirma ter testemunhado no tempo em que ficou no Postão — até por volta das 21h.
— Fiquei lá (no Postão) por mais de duas horas e, percebendo que não houve muito avanço nos atendimentos, relatamos (por meio da Fundação de Assistência Social) o problema ao gabinete do prefeito. Eles me retornaram em seguida, alegando que havia apenas sete crianças na espera, sendo que eu estava no local e contei mais de 20 aguardando consulta — ressalta.
A conselheira afirma que a situação indica a necessidade de realizar fiscalizações mais frequentes no local para cobrar a prefeitura caso a demora seja recorrente.
— Precisamos garantir que haja atendimento qualificado para todos, nem que para isso necessite ampliar o número de profissionais. Havia apenas uma pediatra atendendo, conforme me informaram. É inadmissível — afirma.
Ela comenta que notou haver agilidade no processo de triagem dos pacientes. Porém, a mesma dinâmica não se repetia nos procedimentos seguintes, o que gerou uma situação de desconforto entre familiares das crianças que aguardavam no local.
— Quando eles passam pela triagem, é registrada a hora. Mas a consulta, em si, não é informada, o que faz com que não seja perceptível, nos registros, essa demora — alega Rosane.
Secretaria reconhece procura acima do normal
O intenso movimento relatado pela conselheira tutelar é confirmado pela Secretaria Municipal da Saúde. Segundo a assessoria da pasta, a demora foi resultante do alto número de atendimentos naquele dia — 113 crianças no período de 24 horas —_, incluindo casos de maior gravidade que influenciaram no fluxo do serviço.
O Pioneiro esteve no local no início da tarde desta segunda-feira. Apesar de grande movimentação, pais relataram não haver demora nos atendimentos. Na avaliação do metalúrgico Antônio Marcos Franco Falcão, que aguardava consulta para o filho, os funcionários estariam prestando atendimento qualificado apesar da alta procura.
— Percebemos que eles fazem o possível. Algumas pessoas até chegam meio exaltadas, mas depois do atendimento saem tranquilas daqui. Dá para perceber que estão sob pressão, mas não demonstram isso aos pacientes — elogiou.
Vale lembrar que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte também atende pacientes da pediatria, incluindo pessoas que não moram naquela região. No final de setembro, quando os pacientes avaliaram a primeira semana de serviços no local, a espera não era superior a 60 minutos.
Terceira denúncia
Caso a denúncia do Conselho Tutelar seja oficializada ao Ministério Público, este será o terceiro encaminhamento do ano sobre falhas no atendimento no Pronto-Atendimento 24 Horas de Caxias. Os anteriores ocorreram em junho e julho, protocolados por médicos e pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), respectivamente.