Referência na utilização da aprendizagem ativa, o Colégio São Carlos, de Caxias do Sul, concorre ao 8º Prêmio de Inovação na Educação, promovido pelo Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS). Única representante da Serra entre os finalistas da categoria Gestão Pedagógica, a escola defende o projeto "Metodologias ativas: desafios para uma educação disruptiva" nesta terça-feira, em Porto Alegre, durante uma audiência pública.
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O projeto, inserido na instituição de ensino desde 2015, troca os famosos quadros-negros por um novo formato de aula, no qual o professor deixa de lado o protagonismo e desafia os estudantes a buscarem respostas para determinadas questões, além de desenvolver o pensamento crítico e a autonomia dos alunos.
— Eles são desafiados a buscar as respostas, a estudar mais para entender o conteúdo e a formar a própria opinião. Depois, eles são responsáveis por compartilhar o que aprenderam, interagindo com os colegas. Cabe ao professor criar uma atividade prática, problematizá-la e trabalhar como um mediador na busca pelo conhecimento. É como se o docente fosse um mobilizador do conhecimento — explica o coordenador pedagógico do São Carlos, Nery José Dutkevicz.
Este formato de aprendizagem troca, basicamente, uma educação mecanicista, fragmentada, competitiva e hegemônica pela educação com abordagem sistêmica, cooperadora e integradora. O projeto abrange os mais de mil alunos do colégio, divididos entre Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
— A gente foca na busca por uma educação relevante, capaz de proporcionar mais aprendizagem através da prática. Temos o entendimento de que somente se aprende fazendo. A motivação dos alunos está justamente na possibilidade de buscar o conhecimento, de entender o conteúdo, praticando, indo em busca das respostas — afirma Gustavo Gastardelli de Oliveira Fontes, superintende de Educação da Associação Educadora São Carlos (AESC), mantenedora do Colégio São Carlos, e responsável por implantar este modelo de ensino na instituição.
Disputam a medalha de ouro com a escola caxiense o Colégio Marista Santa Maria, de Santa Maria, e o Colégio Marista Graças, de Viamão. Os vencedores serão conhecidos no dia 5 de dezembro, em evento comemorativo ao 69º aniversário do Sinepe/RS, na PUCRS, em Porto Alegre.
Uma aula dinâmica e desafiadora
Nesta segunda, durante visita do Pioneiro ao São Carlos, estudantes do 2º ano do Ensino Médio participavam de uma atividade elaborada pela professora de história Aline Marques de Freitas, 31 anos. Em duplas, os alunos receberam informações sobre relações internacionais: para cada par, foi designado um país, sobre o qual seria preciso buscar conteúdos para embasar uma simulação da atividade de diplomacia. Ao final da aula, as duplas já apresentaram o seu país. A próxima etapa da atividade será concluída no decorrer da semana, com debates de acordos internacionais mediados pela professora.
— Eu não entrego o conteúdo todo detalhado justamente para estimular um estudo mais aprofundado por parte deles. Desde que inseri esse projeto nas minhas aulas, percebi uma evolução com os alunos. Eles conquistaram mais autonomia, são participativos, fazem mais questionamentos. E eu não deixo de ser provocada também, porque preciso estudar mais e encontrar a melhor atividade para desafiá-los — conta Aline.
O método da aprendizagem ativa é responsável por cerca de 20% a 30% dos conteúdos programados para o ano letivo. O restante permanece sendo repassado da forma tradicional. Porém, com a mistura dos dois formatos, os resultados obtidos pelo São Carlos vão além da elevação nas notas de cada aluno.
— Com a utilização de atividades mais práticas, o conteúdo é absorvido muito mais facilmente por eles. E isso, consequentemente, reflete em notas melhores nas avaliações. Só que o processo é mais focado no engajamento deles, na busca pela autonomia intelectual e na integração entre colegas. É um método que pensa muito no futuro dessa geração — confia a professora.