A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte de Caxias do Sul foi inaugurada em Caxias do Sul na manhã desta quarta-feira (20). A cerimônia de abertura contou com a presença do prefeito Daniel Guerra, autoridades locais, a equipe de gestão da unidade e moradores da área.
O atendimento ao público está previsto para iniciar às 15h. A estrutura deve atender uma população de cerca de 90 mil pessoas da região norte da cidade e a expectativa é de que absorva pelo menos 30% da demanda do Postão 24h.
Leia mais:
UPA de Caxias do Sul abre as portas nesta quarta-feira com a missão de desafogar o Postão 24h
UPA de Caxias é a única esperança para desafogar Postão 24 horas
Durante o discurso de abertura, Guerra destacou o compromisso de priorizar a saúde assumido pela administração municipal.
— Que a UPA seja o marco para mostrar o passo que estamos dando, de prestação de serviço público com a exigência de qualidade — declarou.
O prédio da UPA estava pronto desde 2014, mas não operava por causa do custo necessário para a manutenção do local. O prefeito fez questão de ressaltar o papel da administração atual em colocar a unidade em funcionamento.
— Com valor mensal para o funcionamento da UPA dava para construir um prédio igual a esse a cada dois meses. Mas de que adianta, se não está em pleno funcionamento? — provocou.
A UPA terá custo de operação de R$ 1,8 milhão mensais, assumidos pelo Executivo municipal. Após seis meses de operação, a prefeitura poderá solicitar o aporte de R$ 500 mil mensais do Ministério da Saúde.
Avaliação do serviço pelo público deve se estender a toda rede pública
Após a abertura simbólica da UPA, o prefeito Daniel Guerra realizou uma visita ao local simulando um atendimento normal, desde a triagem do paciente até a consulta e realização de exames.
Durante o passeio, Guerra destacou a possibilidade que o publico terá de avaliar o serviço oferecido pela unidade, por meio de totens espalhados pela estrutura.
— O sistema de avaliação vai empoderar o paciente e nos dá capacidade de monitoramento, além de possibilitar o registro de comentários, críticas e sugestões — explica.
O contrato de gestão compartilhada da UPA com o Instituto de Gestão e Humanização (IGH) inclui o compromisso da empresa em mostrar índices de satisfação do público após três meses de funcionamento do local.
A administração municipal pretende estender o sistema para todos os serviços públicos, conforme Guerra. A possibilidade de atrelar a gratificação dos profissionais à satisfação dos pacientes foi um dos motivos que deflagrou a greve dos médicos em Caxias.
— Nós trabalhamos com a meritocracia. Essa medida de fazer com que a população possa avaliar os serviços é um caminho sem volta. Temos nessa Unidade de Pronto Atendimento 70 médicos e nenhum deles se opôs ou demonstrou contrariedade ao fato de a população poder avaliar o atendimento e dar suas opiniões, sugestões e críticas — reforça Guerra.
Fala, comunidade
Líderes comunitários, autoridades e profissionais da saúde avaliam o impacto que a UPA pode ter na saúde pública de Caxias:
— Acredito que vai melhorar se a UPA funcionar de fato. A maioria das terceirizações que a gente tem conhecimento, a nível Brasil, não funcionou de forma satisfatória, mas tenho uma expectativa boa. Torço para que a UPA de Caxias consiga amenizar todo o problema que a cidade enfrenta na questão de urgência e emergência do SUS. Porém, para resolver de vez o caos na saúde pública é preciso investir nas UBSs. É lá que temos a raiz do problema e é onde o município precisa atuar de forma mais forte, fazendo com que a população tenha um serviço de qualidade e, consequentemente, deixe de lotar as urgências sem necessidade
Vereador Renato Oliveira, presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores
— É indiscutível a importância da abertura de uma unidade de urgência e emergência na cidade. A UPA vai favorecer, sim, mas não há como amenizar ou diminuir uma demanda que cresce a cada dia por falta de qualidade no serviço oferecido na UBS. É preciso fortalecer estas unidades, somente desta forma será possível resolver o problema da saúde pública em Caxias. É prevenção que está faltando na cidade. Falta leito, falta tudo, porque uma simples gripe acaba virando pneumonia. Se o problema tivesse sido resolvido lá no começo, essa pessoa não precisaria ir em busca de uma consulta no pronto-atendimento. É preciso remodelar a atenção básica de saúde para se chegar a uma solução efetiva.
Paulo Cardoso Alves, presidente do Conselho de Saúde
— Ainda não temos como avaliar o impacto da abertura da UPA, mas nossa expectativa é muito positiva. Quando o Postão abriu, reduziu nossa demanda espontânea na urgência e emergência. Então, acreditamos que com mais um serviço para pacientes do SUS, a situação do nosso pronto-atendimento também vai melhorar. Sabemos que haverá, num primeiro momento, um aumento na demanda por internação, já que mais pessoas poderão ser encaminhadas para cirurgias, por exemplo. Mas não encaramos isto como problema e sim como mais acesso para a população que precisa de atendimento. A prefeitura, que faz a regulação dos leitos, certamente ficará atenta a isto.
Daniele Meneguzzi, superintendente administrativa do Hospital Pompéia
— A comunidade está ansiosa pela abertura e com uma expectativa muito positiva quanto à qualidade dos atendimentos. Era uma reivindicação antiga e que agora saiu do papel. Vai ser muito bom para todos, principalmente, pelo fato de os moradores não precisarem ir até o Centro. O único problema será a insegurança para atravessar a Rota do Sol, mas sabemos que o prefeito está ciente disto e que vai nos ajudar também.
Marciano Correa da Silva, presidente do bairro Cânyon
— Praticamente é só o que se fala por aqui. A maioria da vizinhança só tem o SUS, e já não tinham mais condições de gastar com a passagem de ônibus. Então, não tem como dimensionar o quanto a UPA aberta vai nos ajudar.
Terezinha Lopes e Silva, presidente do bairro Centenário
— Era uma luta antiga da comunidade que mora na Zona Norte. Sempre fomos carentes de estruturas públicas aqui, por isso estamos muito contentes com a abertura da UPA. Vai nos ajudar e também vai desafogar o Postão. A única preocupação que temos é quanto o perigo da Rota do Sol, precisamos que as autoridades estejam atentas a isto também, porque vai aumentar o movimento e temos medo de que dê muitos acidentes.
Joevil Reis da Silva, presidente do bairro Santa Fé
— Estamos ansiosos para a abertura. Ter um serviço de urgência perto do bairro vai nos ajudar muito. Só estamos um pouco apreensivos quanto aos atendimentos na UBS, que precisa ter mais qualidade e permanecer nos atendendo nos casos sem gravidade.
Valdir Vieira da Silva, presidente do bairro Belo Horizonte
— A população mais carente ficará mais assistida. Muitos moradores não têm dinheiro pra passagem de ônibus para ir até o Postão. Com a UPA do lado de casa nos sentimos mais seguros. Vai facilitar muito a nossa vida. Aos poucos nossa região vai se sentindo mais parte de Caxias, tendo perto de casa todos os serviço públicos possíveis. Estamos muito felizes.
Zita Girardi, presidente do bairro Vila Ipê