A decisão do governo estadual de pagar antes os menores salários dos servidores do Executivo não impediu manifestações contrárias ao Piratini na sexta-feira. Pela manhã, em assembleia no Gigantinho, em Porto Alegre, o Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers-Sindicato) aprovou a manutenção, por tempo indeterminado, da greve da categoria, iniciada em 6 de setembro. Como resposta, à tarde, o governo comunicou que cortará o ponto de quem não trabalhou a partir do momento em que a paralisação foi definida (ver nota abaixo).
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Em todo o Estado, o Cpers diz que 75% das escolas estão paradas. Já na região da Serra, o coordenador do 1º núcleo do sindicato, David Carnizella, afirma que a adesão permanece a mesma da semana passada: 52 escolas estaduais em greve, sendo 28 delas paradas totalmente. Em Caxias, seriam 24 instituições.
— Trabalhamos com o mesmo número, mas existe a possibilidade de mais adesão no decorrer dos próximos dias. O que pode acontecer é algumas escolas voltarem às aulas e outras decidirem aderir ao movimento — explica o coordenador.
Sobre a recuperação das aulas, o Cpers afirma que somente após o fim da greve haverá uma decisão.
— O que temos de concreto é que nenhuma escola pode recuperar as aulas por conta própria. Isso porque somente depois de acabar a greve é que será avaliada a forma ideal de recuperação. Ainda não sabemos se vai acontecer aos sábados ou não — explica Carnizella.
Caminhada e protesto em frente ao Piratini
Na sexta-feira, o Piratini pagou os salários dos servidores do Executivo que ganham até R$ 1,75 mil líquidos. O restante do funcionalismo receberá de forma escalonada, à medida que entrarem recursos no Tesouro. Conforme o cronograma do governo, até o dia 11, serão depositados os contracheques integrais dos funcionários com rendimentos de até R$ 4 mil líquidos. Por fim, até o dia 17, o Estado projeta concluir o pagamento da folha.
Depois da assembleia do Cpers, os grevistas caminharam até o Largo Glênio Peres, no centro da Capital. Durante a tarde, partiram do local, acompanhados de servidores de outras categorias, em direção ao Palácio Piratini, onde o protesto foi encerrado cerca de uma hora depois.
Confira a nota do Palácio Piratini:
"NOTA OFICIAL
Decisão de cortar o ponto de grevistas atende interesse público
Hoje, dia 29 de setembro, 47% dos servidores da Educação já receberam seus salários integralmente. Até o dia 11 de outubro, praticamente todos estarão quitados, assim como ocorre com a maioria dos trabalhadores em geral. Mesmo assim, com o apoio irresponsável da oposição, o Cpers decidiu manter a greve por período indeterminado.
Não chegamos a esta crise por vontade do atual governo. E para sair dela, precisamos de responsabilidade política e financeira, não de populismo e demagogia. Estamos fazendo todos os esforços para recuperar os serviços públicos e normalizar o pagamento dos servidores. O governo sempre manteve o diálogo e, nesta semana, anunciou o pagamento prioritário a quem ganha menos e a indenização pelos dias de atraso.
Alertamos a população para a tentativa de gerar tensão social, comandada justamente pelos atores políticos que agravaram a atual crise quando estavam no governo. Infelizmente, não estão preocupados com a educação, mas com seus próprios objetivos eleitorais.
Em virtude disso, tendo em vista o interesse público, não resta outra alternativa senão o corte do ponto dos grevistas. Conclamamos os professores para que mantenham as aulas. Pedimos a colaboração dos pais e da comunidade escolar. A responsabilidade pela preservação do ano letivo é compartilhada por toda a sociedade. O governo do Estado segue aberto ao diálogo."