Entre as ruelas que dividem as cerca de 300 tendas, galpões e barracas montadas no Acampamento Farroupilha, em Caxias do Sul, os nomes dos piquetes e CTGs despertam a curiosidade. Há os mais tradicionais que, com o perdão da redundância, remetem a temas tradicionalistas, como o CTG Laço da Amizade e Alma Serrana, por exemplo. Outros homenageiam grandes personalidades ou lendas gaúchas, como Paixão Côrtes e Negrinho do Pastoreio. Há ainda os autoexplicativos, caso d'Os Cachaceiros.
Há alguns nomes, porém, que instigam e chegam a ser incompreensíveis sem o contexto apropriado ou fluência no vocabulário gaudério. Uma caminhada pelo acampamento logo revela as portas azuis da tenda do Piquete Parceria do Chibo. Parceria do Chibo?
O metalúrgico Valmir Santos, 30, o Didú, um dos fundadores do piquete originário de Santana do Livramento, explica:
— O chibo é uma ovelha. Eu e um amigo estávamos tomando um trago e eu disse para ele, "tira essa barba, tá parecendo um chibo. Ele olhou pra mim e respondeu, "e essa tua, então?". Aí ficou.
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Mais adiante, se enxerga a bandeira do Recanto dos Tauras.
— Taura é alguém bem medroso — brinca Zeli Vaz, 56, uma das integrantes do piquete.
Ela viajou 530 quilômetros de Santo Antônio das Missões com o marido João, 61, para participar da Semana Farroupilha de Caxias. A explicação, claro, é uma piada. Na verdade, Taura é o gaúcho valente, forte, da fronteira, esclarece Antônia Machado, 52.
— Bem ao contrário do dono (do piquete) — emenda Antônia, sentada ao lado do marido, Rui Machado, 55, patrão do piquete, que se limita a se remexer na cadeira enquanto observa a cena.
Outro nome que chama a atenção é o do CTG Chaleira Preta, estampado na jaqueta do eletricista Antônio dos Reis, 39.
— O nome veio do CTG que o Adelar Bertussi participava em Lagoa Vermelha. Foi usado como homenagem para criar o primeiro piquete de laço de Caxias, de 1965 — relata.
A reportagem seguiu a conversa com o vendedor Ezio Becker, 54, que ostenta as cores do CTG Tapera Velha no traje.
— Tapera era o local onde os tropeiros ficavam quando estavam em trânsito — explica.
Com uma palavra nova no vocabulário, a reportagem seguiu até o acampamento do CTG Ilhapa do Rio Grande. Desta vez, a explicação é técnica e remete às competições de tiro de laço.
— O laço tem uma parte mais grossa, um metro para trás da argola, que se chama ilhapa. Daí botamos o nome — esclarece o eletricista automotivo Vilson Pereira da Costa, 55.
Fim de semana movimentado
Depois de um início tímido e preocupação dos comerciantes devido ao mau tempo, os festejos farroupilhas registraram grande público nos Pavilhões da Festa da Uva durante o fim de semana. A organização do evento ainda não divulgou a estimativa de pessoas que prestigiaram a festança, mas a movimentação de pessoas foi grande no
Na tarde de domingo (17), peões e prendas lotavam a arquibancada da cancha de laço coberto e também o espaço na área do palco principal montado nos Pavilhões, destinado às apresentações artísticas. Quem saiu satisfeito foram os comerciantes. Rosane da Cruz, que mantém um estande para vender frutas com chocolates ao lado do palco reservado para shows de artistas locais, comemorava a fila de clientes.
— Compensou só por hoje — disse Rosane, sem interromper a montagem das porções.
Programação nos Pavilhões
Segunda-feira (18)
PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA E SOCIAL
:: Palco 1
8h30min às 11h - Trabalho cultural com escolas
14h às 17h - Trabalho cultural com escolas
20h - Espetáculo com Maral Gurgel e Grupo Moda Antiga
21h30min - Espetáculo com Cristiano Gomes
:: Palco 2
19h30min às 21h30min - Espetáculo com Paulinho Silva e SOS Música
Serviço
Semana Farroupilha em Caxias do Sul
Onde: Pavilhões da Festa da Uva
Quando: até 20 de setembro
Ingresso: um quilo de alimento não perecível
Mais informações: site 25rt.com.br ou (54) 3536-0685