A visão da esquina da Rua Atílio Andreazza com a Avenida Abramo Randon, no bairro Interlagos, em Caxias, chama a atenção. Carros transitam pela rotatória construída para melhorar a vazão do tráfego. A pintura dos cordões é nova. No entanto, montes de terra se acumulam no meio das vias que dão acesso à rotula, partes do trajeto não têm faixa para pedestres e, conforme moradores da área, não há iluminação pública.
A ordem de início para a construção da rótula, perto da Randon e da sede do Recreio da Juventude, foi assinada em abril de 2015. O empreendimento foi uma das exigências da prefeitura de Caxias do Sul para a autorização da construção de um novo loteamento na área, o Residencial Le Parc, de responsabilidade da incorporadora Austral.
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Na época, a rotatória era prevista para ser concluída em quatro meses. Mais de dois anos depois, porém, diversos problemas deixam a obra inacabada. O mais recente é a necessidade de deslocar cinco postes da rede de energia elétrica para aumentar o diâmetro da rótula e facilitar o acesso de veículos, processo que se arrasta desde setembro do ano passado.
O empresário Roberto Fiorio mora ao lado da rótula e teve parte de seu terreno desapropriado pela prefeitura para a construção. Ele relata que acidentes são constantes na área.
— De noite, como não tem iluminação, os motoristas não veem esses montes de terra e vão reto — diz.
Além disso, haveria risco para os pedestres, já que há trechos sem faixa de segurança e há trecho do passeio público sem calçamento. Removida no início da obra, uma parada de ônibus também não foi substituída.
Fiorio relata que, nos últimos meses, a única movimentação na obra foi a colocação de placas de trânsito e a pintura da via.
— Ninguém faz nada, é escuro, o pessoal tem que andar pelo meio da rua — reclama.
Além da rotatória, a obra inclui a extensão da Rua Domingos Chies até a Avenida Abramo Randon.
PREFEITURA APOSTA EM ACORDO PARA RESOLVER O PROBLEMA
A responsabilidade do deslocamento dos postes ficou indefinida durante os últimos 12 meses. De acordo com o secretário municipal de Planejamento, Fernando Mondadori, o acordo para a construção da rotatória, em 2015, foi feito de maneira informal pela administração anterior. Ele afirma que a prefeitura tem tentado resolver as pendências.
— Não tem nada muito bem declarado. É uma incógnita para os técnicos e estamos tentando resolver com o que temos em mãos — defende.
Mondadori diz que a RGE está trabalhando em um orçamento para o deslocamento dos postes. A ideia é propor um acordo para que a Randon, também afetada pelo empreendimento, auxilie no custeio da obra. A expectativa é de que a indefinição seja resolvida neste mês. De acordo com a Secretaria do Planejamento (Seplan), a drenagem pluvial do residencial Saint-Étienne passará pelo meio da rotatória.
A obra deverá ser feita pela construtora responsável pelo novo loteamento até o fim do ano. Procurada, a Incorporadora Austral, empresa responsável pela construção da rotatória, não quis se manifestar sobre o caso ao Pioneiro.
ANDAMENTO DA ROTATÓRIA
:: Abril de 2015 - Assinada a ordem de início para a construção da rotatória e a extensão da Rua Domingos Chies, como contrapartida exigida pela Secretaria Municipal do Urbanismo para a edificação do Residencial Le Parc. A previsão de conclusão da obra era de quatro meses.
:: 2015/2016 - Na execução da obra, técnicos constataram a necessidade de desapropriar alguns terrenos . A prefeitura indenizou donos de áreas na parte sul do cruzamento, mas a negociação com os proprietários na parte durou oito meses na Justiça. Além disso, propriedades que haviam avançado para a área pública foram notificadas.
:: 2016/2017 - Após indenização e acordo com os donos de propriedades próximas, a obra foi retomada parcialmente. No entanto, constatou-se que a geometria da rótula necessitava ser melhorada para facilitar o acesso de veículos. O alargamento da rotatória depende do deslocamento de cinco postes de alta-tensão.
*Com informações da Seplan