Os 74 anos da explosão em um pavilhão da Metalúrgica Gazola que causou a morte de seis mulheres foi relembrado na tarde deste sábado por cerca de 200 pessoas, entre eles ex-funcionários e parentes das vítimas. O episódio, ocorrido na manhã de 22 de julho de 1943, culminou na morte de Graciema Formolo, Irma Zago, Júlia Gomes, Maria Bohn, Olívia Gomes, Tereza Morais, além de ferimentos em Odila Gubert, única sobrevivente da explosão, falecida em 2003.
O Memorial Gazola - Museu da Metalurgia de Caxias do Sul, criado a partir do trabalho da historiadora Maria de Fátima Valentini Canevese e de cinco voluntários, situa-se num pavilhão temporário na entrada do complexo. O projeto da coordenação é instalar o museu definitivo exatamente no mesmo local onde, em 22 de julho de 1943, seis jovens entre 16 e 20 anos foram vitimadas por uma explosão que chegou a ser ouvida no centro da cidade.
Ao redor do Marco em Homenagem às Moças Operárias, quando o coral Coro em Si apresentava a canção Rosa de Hiroshima, a cerimônia lembrou e homenageou cada uma das vítimas que perderam suas vidas no episódio.
O destaque da tarde foi a visita das senhoras Odeth Gubert, 84 anos, e Jurema Gubert Weber, 89, irmãs de Odila Gubert, única sobrevivente da explosão. Entre outras, também merece destaque a presença de Geny Santina Formolo, irmã de umas das vítimas, Graciema Formolo.
No mesmo espaço em que se encontrava o monumento erguido em uma praça no pátio da empresa, em memória às operárias, o público teve a oportunidade de conferir objetos, detalhes e lembranças que fizeram parte daquela manhã. O nome e a história das sete mulheres estão também marcados em sete placas que nomeiam ruas de Caxias. Um destaque do episódio foi a imagem de Santa Bárbara – protetora contra raios e explosões –, que, na época, sobreviveu intacta à explosão, sumindo logo depois, e que serviu de inspiração ao documentário que rodava em uma tela durante a visita, Aos Olhos de Santa Bárbara, de André Costantin.
A programação incluiu também uma visita guiada ao Memorial Gazola, onde, desde 2013, está sendo organizado parte do acervo da empresa desde sua fundação, em 1932. Com um auxílio da coordenadora Maria de Fátima e uma equipe de voluntários e de estagiários do curso de História da UCS, o Memorial conta atualmente com cerca de mil peças catalogadas e cerca de 30.000 esperando catalogação. Entre 0 acervo, destaca-se os artefatos bélicos fornecidos pela empresa ao Exército, durante a Segunda Guerra Mundial. O espaço abriga também peças de cutelaria, fotografias, medalhas, bustos, certificados, projetos originais e fichas de antigos funcionários.
O Memorial Gazola ainda está em construção e está aberto à visitação apenas com hora marcada, pelo fone (54) 3041.1511. A iniciativa de reunir o acervo e resgatar a memória das mulheres vítimas da explosão foi do Grupo Sular, e é protagonizada pelos diretores Jair e Sergio Canevese e pela historiadora Maria De Fátima Canevese, coordenadora do Memorial.