As circunstâncias que impediram o resgate das duas idosas que morreram no incêndio do asilo Santa Isabel, em Vacaria, devem ser esclarecidas nos próximos dias. A maioria dos moradores do estabelecimento sofre de doenças mentais ou enfrenta outros problemas de saúde. Silvonia Borre, 64 anos, por exemplo, era surda-muda.
Conforme a assistente social do asilo, Cristiane Siotta, funcionários da casa e outros residentes acenaram para que ela deixasse o asilo na hora do resgate. Contudo, no meio da confusão, ela teria se deslocado para o banheiro, onde foi encontrada após o incêndio. A idosa não teria entendido o que estava acontecendo.
É a mesma hipótese que explicaria a morte de Alzira Melo dos Santos, 76, que tinha deficiência mental. Os corpos das duas mulheres serão encaminhados para perícia no Departamento Médico Legal (DML) de Caxias do Sul. O asilo Santa Isabel é mantido por uma associação beneficente, que viabiliza o atendimento com recursos do município, com o salário da aposentadoria dos idosos e por meio de doações.
O prédio era cedido pela Mitra Diocesana e houve um princípio de incêndio no local há cerca de um mês, o que exigiu uma reforma na ligação de energia da rua até a entrada do edifício. Pessoas ligadas ao asilo, mas que não são funcionárias e que não quiseram se identificar, afirmam que o estabelecimento estava em condições precárias havia bastante tempo. A maneira com que os idosos eram mantidos na instituição também levantava preocupação: homens e mulheres dormiriam nos mesmos espaços, o que não seria recomendado.
O prefeito de Vacaria, Amadeu Boeira (PSDB), confirma que as instalações eram antigas, mas não informou se havia precariedade no atendimento. Cristiane Siota reconhece que eram necessárias algumas adaptações e o imóvel passava por reformas pontuais.A mobilização para a reconstrução da entidade já começou. Nesta quinta-feira, o prefeito colocou o município à disposição para a elaboração de um projeto de engenharia e arquitetura.
– As entidades de Vacaria estão dispostas a contribuir nisso. O próprio governador José Ivo Sartori já ofereceu ajuda – diz o prefeito.
Dos 45 idosos resgatados, 23 foram acolhidos no Centro de Treinamento de Motoristas (Centronor), onde há quartos, banheiros e cozinha. Diversos voluntários se mobilizaram para adequar o lugar e muitas doações já foram recebidas. Os demais residentes do asilo foram levados para a casa de familiares.
O grupo no Centronor deve ser atendido provisoriamente por cerca de 20 dias. Após, a intenção é levá-los para imóveis desocupados da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro).
Como ajudar
– Os sobreviventes precisam de alimentos, fraldas, roupas, água e roupas de cama. Mercados, instituições beneficentes, Câmara de Vereadores, prefeitura e as escolas Gustavo Vieira de Brito e Bom Jesus São José abriram pontos para receber doações. Informações podem ser obtidas pelos telefones (54) 99905.8128 (com Adriana) e 98144.5755 (com Cristiane)
– O Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro) abriu uma conta bancária para arrecadar fundos ao asilo. O depósito pode ser efetuado no Banrisul: Agência 0440, Conta 06.089020.0-2.