Um dos cinco delatores que embasaram a 33ª fase da Operação Lava-Jato é o ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro Barusco. No seu acordo de colaboração premiada, ele afirmou que a plataforma P-53, construída em Rio Grande (RS), gerou US$ 5,23 milhões de propina para dirigentes da Petrobras e lobistas. Parte do dinheiro seria canalizado para campanhas políticas, afirmou.
O documento ressalta que,"pra todos os contratos, Pedro José Barusco Filho indica, na tabela, o executivo Ildefonso Colares Filho da Queiroz Galvão como responsável pelos acertos da propina" (Ildefonso é um dos presos pela PF hoje).
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Barusco diz que a liberação de propinas era dividida em pequenas porcentagens e distribuída entre agentes e empresa envolvidas na operação. Ele listou algumas obras que são alvo da investigação Resta Um, deflagrada hoje pela PF e MPF. A ordem de prisão emitida pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, ao qual Zero Hora teve acesso, diz que "o colaborador Pedro Barusco declarou que a Queiroz Galvão teria pago propina em diversos contratos com a Petrobrás". O suborno era direcionado à Diretoria de Abastecimento e à Diretoria de Serviços e Engenharia, nos seguintes contratos:
– Com a IESA, na contratação da Carteira de Gasolina da Reduc.
– Com a IESA nas interligações da Refinaria do Nordeste Abreu eLima.
– Com a GDK no offsite de gasolina da Refinaria Landulpho Alves.
Em outros contratos, o pagamento de propina pela Queiroz Galvão foi apenas à Diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras:
– Com a Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Mendes Júnior naconstrução do novo CIPD da Petrobrás.
– Na contratação da Plangás REDUC.
– Com a IESA na UTGCA de Caraguatatuba.
– Com a UTC e a IESA, no Consórcio QUIP, para construção da plataforma P53.
No caso da plataforma P-53, construída em Rio Grande e orçada em US$ 523 milhões, a propina cobrada pelo contrato teria sido de 1%, o que resultou em US$ 5,23 milhões para os intermediários (entre eles, o próprio Barusco).
Conforme o MPF, a Petrobras constituiu a sociedade de propósito específico denominada de Charter Development Company CDC para a construção da plataforma P53. A Charter, por sua vez, contratou a QUIP pelo valor de U$ 523.727.010,00, sendo o valor depois elevado para U$ 928.782.410,20 por meio de aditivos.
"Este contrato foi relacionado por Pedro José Barusco Filho entre aqueles que teria gerado pagamentos de propinas no montante de 1% sobre o contrato", ressalta trecho da ordem de prisão.
A exemplo dos cascos, esta parte do dinheiro foi repartida pela metade. As empreiteiras Queiroz, UTC, IESA e QUIP eram responsáveis pela obra. Quando ouvida, na época da delação de Barusco, a empreiteira Queiroz Galvão informou que não comentaria investigações em andamento e reiterou que todas as atividades e contratos seguiram rigorosamente a legislação vigente. A empresa também se colocou à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários.