O segundo encontro da série iRS Debates, realizado na sede do Grupo RBS, nesta quinta-feira, teve como tema o impacto da violência no desenvolvimento do Rio Grande do Sul, já que o Índice de Desenvolvimento Estadual – Rio Grande do Sul (iRS) versão 2016, com dados de 2014, divulgado no dia 25 de julho, apontou recuo do quesito que avalia longevidade e segurança no Estado.
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A consequência deste resultado é a estagnação na qualidade de vida. Para discutir o tema, sob mediação do jornalista de Zero Hora Rodrigo Lopes, foram convidados o presidente da CDL, Alcides Debus, e o pesquisador e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da PUCRS, Rodrigo de Azevedo.
– O consumo é influenciado sim pela segurança ou a falta dela. No Rio Grande do Sul, temos enfrentado uma situação crescente homicídios dolosos que nos preocupa – salientou Azevedo.
Debus complementou dizendo que a insegurança reflete diretamente no cotidiano das pessoas, que precisam reavaliar suas atividades:_ A falta de segurança pesa na circulação de pessoas nas ruas, na frequência escolar, na venda do comércio. Esse resultado tem influência negativa para toda a sociedade.
Questionado pela colunista de Economia de Zero Hora, Marta Sfredo, sobre os reais impactos da crise na segurança para o comércio, Debus lembrou que o medo de praticar as atividades rotineiras pode causar um efeito em cadeia na sociedade:
– Se a creche não funcionar, o pai ou a mãe não podem ir trabalhar para ficar com a criança. Com isso, o salão onde eles trabalham, por exemplo, não pode abrir, e aí começa toda uma cadeia.
Preocupado, Azevedo salientou que as soluções para resolver a problema são complexas e que não há um único responsável.
– Na minha opinião, estamos, sim, no fundo do poço em segurança pública, pois não há perspectiva de saída a curto prazo.
O iRS é realizado em parceria por Zero Hora e PUCRS, com apoio institucional da Celulose Riograndense, desde 2014, e pondera o desempenho de todos os Estados e do Distrito Federal em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidos, longevidade e segurança. Com foco na vida real e formato simplificado, o índice tem o mesmo referencial teórico do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). É o único índice com atualização anual do Brasil calculado por Estado. A iniciativa se conecta com o novo posicionamento de ZH, “Perto para entender. Junto para transformar”, lançado recentemente e que reforça o compromisso da marca de estar próxima dos gaúchos e atuar pelas causas do Rio Grande do Sul.
Em 2014, ano dos dados mais recentes disponíveis, o Rio Grande do Sul ficou com pontuação de 0,672 – atrás apenas de São Paulo, Distrito Federal e Santa Catarina –, mas perdeu qualidade de vida em relação a 2013, quando alcançou 0,675. A causa principal foi a queda no aspecto que leva em conta a segurança dos cidadãos, com recuo de 4,1% em comparação ao ano anterior. É a maior queda anual do Estado em toda a série histórica do índice.
Com o resultado, o Estado permanece em terceiro lugar na categoria, depois de ocupar a segunda posição durante oito anos e ser ultrapassado por Santa Catarina em 2013.A melhora mais visível do Estado ocorreu na variável padrão de vida, que avalia o bem estar relacionado ao conforto das pessoas. O Rio Grande do Sul subiu de 0,636 para 0,647 e manteve o quinto lugar entre as unidades da federação. No que se refere à educação, permaneceu em sétimo na lista. O último dos três debates sobre o desenvolvimento do Estado está previsto para 30 de agosto.
*Zero Hora