Um dos segredos que coloca Veranópolis como titular da chamada Terra da Longevidade é a qualidade de vida dos moradores. O município coleciona histórias de gente que se aproxima de um século de idade esbanjando saúde e disposição. João Scanagatta mostra que a rotina dos veranenses não precisa de muito incremento para ficar melhor. Acorda 7h, toma o café da manhã em uma mesa farta com pão, queijo, salame e até 'fortaia', típico omelete italiano.
Os ingredientes são produzidos ali mesmo, na moradia que ocupa com a filha Idalina, 70, na Capela de Nossa Senhora de Monte Bérico. A família só consome o que produz, obviamente livre de conservantes e agrotóxicos.
O destino de Scanagatta durante a manhã e à tarde é a roça. São horas lavrando a terra que em breve receberá plantio de milho. Rotina comum a agricultores, é verdade, não fosse o detalhe de que Scanagatta completou 98 anos no mês passado.
– O segredo é não se incomodar, ser calmo. Sempre fui da colônia e o negócio funciona assim aqui – ensina.
Personagens como o agricultor que trabalha em ritmo pesado aos 90 anos não são raridade em Veranópolis. O que mais impressiona é que, mesmo próximo dos 100 anos, Scanagatta não depende de um remédio sequer. Diz que os dois copos de vinho diário são o antídoto para qualquer doença - ele não sofre sequer de uma gripe há quatro anos, lembra a filha. A visão um pouco cansada e a dificuldade de escutar são as únicas complicações que o entristecem um pouco, já que se sente não tão mais disposto como aos 80 anos, por exemplo:
– Não adianta ir na missa e não ouvir o sermão. Então, deixei de ir ultimamente.
Scanagatta tem 11 filhos, 13 netos e 3 bisnetos. Completaria 72 anos de casado caso a esposa Victória estivesse viva - ela partiu há seis anos.