O Hospital de Caridade de Canela suspendeu cirurgias, tanto eletivas quanto de urgência e emergência. O motivo são dificuldades financeiras que resultaram no atraso do pagamento de médicos. A informação é da Gaúcha Serra.
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Sem receber salários desde dezembro, cirurgiões, anestesistas e obstetras notificaram o desligamento do hospital no dia 1º de março e deixaram de prestar atendimento. Com isso, quem precisar de uma cirurgia emergencial tem de ser levado para os hospitais de Gramado ou Taquara.
Prefeitura de Gramado quer comprar hospital após crise administrativa na instituição
Segundo o presidente do hospital, Jerônimo Terra Rolim, a dificuldade no pagamento dos salários se agravou com a falta de repasses do Estado. São três meses em atraso, o que soma cerca de R$ 750 mil. Mesmo que esses valores estivessem em dia, a instituição opera com déficit de R$ 300 mil por mês. Isso impacta também no pagamento de medicamentos e impostos.
- Hoje, a situação é calamitosa. A nossa estrutura é boa, mas o problema é o pagamento dos médicos - diz Rolim.
O presidente avalia que o valores pagos aos profissionais estão acima da média. Segundo ele, o sobreaviso dos médicos aumentou 50% nos últimos três anos. Rolim considera que esses contratos têm de ser revistos. A direção do hospital também procurou auxílio da prefeitura, que promete uma solução até o final desta semana.
De acordo com o secretário municipal da Saúde, Luciano Perottoni, existe dificuldade para que a administração municipal faça repasses financeiros ao hospital porque não há previsão orçamentária. Estão em análise quatro possibilidades para resolver o problema.
Uma delas é intervenção no hospital com o município assumindo a gestão, a exemplo do que Gramado e Farroupilha já fizeram. Outra é uma gestão compartilhada da instituição. A terceira é um aporte financeiro específico para solucionar o problema imediato. E a quarta é que a Associação de Caridade é mudar a entidade que gerencia o hospital.
Hospital de Vacaria também tem dificuldades financeiras
O Hospital Nossa Senhora da Oliveira, de Vacaria, também está com dificuldades devido à falta de repasses. Segundo o diretor-administrativo, Edson Luís Tusi Izolan, a instituição deixou de receber R$ 2,3 milhões entre 2015 e 2016. Além disso, o mês de abril é de renegociação salarial com os médicos.
No hospital, a prefeitura custeia os serviços de sobreaviso e emergência. Mas os salários dos médicos da UTI são pagos pelo hospital. Izolan declarou, na última semana, que a UTI corria o risco de fechar. São 10 leitos, sendo 8 destinados ao SUS. A instituição é referência para 10 municípios e reivindica um aumento no repasse das prefeituras. O prefeito de Vacaria, Elói Poltronieri, que também é o presidente da Associação dos Municípios dos Campos de Cima da Serra (AMUCS Serra), já se manifestou contrário ao aumento de custeio.
O prefeito sustenta que já existe um contrato de repasse das prefeituras da região, que é reajustado sempre no mês de junho. Uma reunião para tratar da situação está marcada para esta quarta-feira às 14h, na sede da AMUCS Serra, entre a direção do hospital e os prefeitos
Saúde pública
Em dificuldade financeira, Hospital de Canela suspende cirurgias
Médicos que estão sem receber salários deixaram de prestar atendimento
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