Por ter sido realizada logo após um ano que apresentou quedas sem precedentes na economia de Caxias, a Festa da Uva 2016 chegou com um dos maiores desafios da sua história: ser grandiosa, apesar da retração geral do mercado. O público expressivo desta edição demonstra que a maior celebração da cidade conseguiu, sim, se reinventar e superar os números de outros anos. Ao fim de uma Festa que surpreendeu, representantes do turismo, do comércio e da gastronomia apontam as lições que o evento trouxe e o que pode melhorar para 2018.
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A união de esforços entre poder público, iniciativa privada e entidades, acredita Emerson Spadetto, presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), foi um dos fatores que impulsionou o sucesso desta edição. Buscar parceiros, avalia, é fundamental para consolidar a marca Festa da Uva pelo país. Entre os pontos que ainda podem ser aprimorados, Spadetto ressalta que o lado comercial da celebração pode ser deixado um pouco mais de lado:
- Temos que tornar a Festa mais festa e menos feira. O que atrai o turista são os nossos diferenciais, o resgate cultural, enfim, quando mostramos como a gente é. A parte da feira tem em qualquer outro evento - destaca.
A descentralização das atrações para outros pontos da cidade, além dos Pavilhões e da Plácido de Castro, é outra evolução que a Festa poderia apostar. Para Analice Carrer, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul (CDL), atualmente a área central apenas "assiste" à Feira:
- É importante levarmos o turismo para o nosso Centro, que está abandonado de atrações. A Catedral é incrível e a Praça Dante é um dos marcos da colonização, o coração de Caxias. Aquecer mais o Centro durante a Festa seria muito interessante para o turismo da cidade - ressalta.
O ensinamento maior da Festa para João Leidens, presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (Segh), é que a melhor resposta para a crise é o trabalho:
- A Festa desse ano superou todas as expectativas, com boa ocupação hoteleira durante todo o período. O evento nos ensinou que devemos baixar a cabeça e trabalhar, não esperar por ninguém e fazer acontecer.
Turismo como alternativa
Os prejuízos de quase 30% que a indústria metalmecânica de Caxias apresentou em 2015 motivaram quedas expressivas também no comércio e nos serviços. O efeito cascata expôs uma deficiência que a maioria dos caxienses já sabia: o poder de compra da cidade é muito dependente de um setor e, quando este vai mal, todos vão mal. Diante disso, a necessidade de se criar uma matriz econômica alternativa surge como solução para o problema e o turismo, com o sucesso da Festa, aparece como o candidato mais indicado para essa "vaga".
- Em Caxias, temos todas as condições para impulsionar o turismo: infraestrutura, história, diferenciais. E ajuda todo mundo, porque o visitante deixa receita e receita é sinônimo de emprego, de vendas. O turismo é o caminho para o presente e para o futuro - avalia Analice Carrer, presidente da CDL.
João Leidens, presidente do Segh, lembra ainda que o turismo é o segmento que traz o dinheiro "mais pulverizado" para a cidade:
- Todos os setores são beneficiados, porque para ter um bom turismo, a cidade precisa de infraestrutura, de comércio, de serviços, assim todos trabalham mais.