O atraso de praticamente uma hora que tirou muito do brilho do primeiro desfile do corso cênico musical da Festa da Uva 2016, na última quinta, ficou oficialmente no passado. Pelo menos foi o que se viu na Plácido de Castro na noite deste sábado, quando a movimentação dos figurantes na rua começou apenas sete minutos após o horário marcado. As arquibancadas - com espaço para 3 mil espectadores - ficaram praticamente lotadas e as grades que acompanhavam a Plácido na altura entre a Pedro Tomasi e a Andrade Neves foram tomadas por quem não queria perder nenhum detalhe do desfile.
- Acho que a visibilidade não ficou tão boa (quanto na Sinimbu), só se enxerga quando está bem na frente. Mas o desfile tá bonito do mesmo jeito - disse Simone de Moura, 42 anos, que participa da Festa da Uva desde criança e, no sábado, estava grudada na cerca da Plácido, junto com a filha Bianca, de três anos, a sobrinha e o marido.
Havia sincronicidade entre o áudio transmitido em cada um dos pontos de alto-falantes distribuídos pela Plácido de Castro, mas em alguns momentos deu impressão de que o corso ficou um pouquinho acelerado - provavelmente foi preocupação da organização para não ultrapassar o tempo previsto. Fato é que a 1h20min de espetáculo foi preenchida novamente com muita interação entre figurantes e público, envolvidos pela trinca de luz, música e emoção.
A beleza do desfile deste ano contribui em muito para que alguns simpatizem com a mudança para a Plácido. É o caso da família de Viviane Rodrigues Santos, 40, que veio de Dom Pedrito mas adotou Caxias e a Festa da Uva no coração. Eles moram na cidade há nove anos e já participaram de pelos menos três edições antes dessa.
- Achei que a iluminação melhorou bastante, gostei do espaço dos lanches. Aqui parece mais seguro também, lá (Sinimbu) era mais aberto - comentou ela, enquanto assistia o desfile da calçada.
Quem desfila também tem direito a opinar sobre a mudança do corso. O figurante Vitor Costa faz parte da cena nove, que reproduz um parreiral na Plácido de Castro. Para ele, o desfile ficou mais estreito, com menos espaço para o povo. Trabalhando pela quarta vez como voluntário no corso, ele salienta, no entanto, o que deve garantir o sucesso do desfile mesmo em nova casa:
- Fazendo com carinho e paixão vai agradar, seja na Sinimbu ou aqui.
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O Pioneiro listou alguns pontos a melhorar com base no desfile de quinta-feira. Veja o que mudou com relação a cada um deles.
:: Uva: novamente, houve gente sentindo falta da estrela da festa no desfile.
- Ouvi dizer que não tinha uva o suficiente para distribuir - disse dona de casa Maurien Dal Ponte, 49.
No entanto, quem permaneceu na Plácido de Castro depois do encerramento do desfile pode acessar saborosos cachos num caminhão que cruzava a via fazendo a distribuição. O presidente da Festa da Uva, Edson Néspolo, comentou que o formato da distribuição ainda está sendo repensado:
- Temos uva suficiente para distribuir, ainda vamos adaptar isso.
Atraso: no sábado, não houve atraso. O desfile começou às 20h07min e às 21h20 os fogos e encerramento já estavam no céu. O público tomou conta da Plácido de Castro assim que os carros e os figurantes se dispersaram e muita gente se aglomerou em frente ao palco da Orquestra Municipal de Sopros. Pedindo por bis aos músicos, o público proporcionou um final muito bonito ao desfile.
- A festa é o povo na rua, isso é consagrador - disse o prefeito Alceu Barbosa Velho, que curtia o som da orquestra no meio do público.
Serviços: o caminhão pipa do Samae permaneceu instalado na Andrade Neves, muito mais próximo da concentração dos figurantes do que do próprio público. Ao final do desfile, o caminhão seguiria para a dispersão na 13 de Maio, mas não há distribuição de copos entre os espectadores durante o corso.
Outra reclamação veio dos ambulantes que vendiam comida e bebida na Rua Vereador Mario Pezzi. A ideia de concentrar todos no mesma rua ficou prejudicada por conta do corte na energia elétrica de quem estava trabalhando, o que acabou obrigando algumas banquinhas a cessar os serviços e, consequentemente, diminuiu as opções do público para o lanche.
Translado de carros: como no primeiro desfile, os carros seguem se dirigindo até a concentração do desfile pela própria Plácido de Castro. Para a secretária da Cultura e uma das responsáveis pela comissão de desfiles, Rubia Frizzo, isso não diminui a surpresa do público:
- A movimentação dos carros acontece ali pelas 17h, não tem ninguém aqui ainda.
Espaço gratuito: ainda é comum escutar entre os espectadores do corso que o espaço para o público não pagante diminuiu. É verdade que são 300 metros a menos de trajeto em comparação ao corso da Sinimbu, mas na noite de sábado havia alguns espaços sobrando na calçada durante o desfile e não era difícil se locomover de uma ponta a outra da via caminhando. A organização estimou o público total em 20 mil pessoas, o que significa que 17 mil (subtraindo as 3 mil das arquibancadas) viram o desfile de outros pontos disponíveis na Plácido.