Uma campanha do Instituto do Câncer (Incan) do Hospital Pompéia pode amenizar os efeitos colaterais que surgem no tratamento contra o câncer em Caxias. A mobilização é pela compra de um equipamento terapêutico que usa laser de baixa potência para aliviar a dor e a acelerar a cicatrização de feridas decorrentes da quimioterapia.
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A máquina é uma alternativa contra a mucosite, inflamação na parte interna da boca e da garganta que pode criar feridas. Além do desconforto, as lesões desencadeiam outros problemas como a dificuldade de alimentação do paciente. A campanha é liderada pela dentista Luciana Granzotto Dias, do Instituto do Câncer do Hospital Pompéia (Incan). Como não é considerado essencial para o tratamento, o equipamento não entra no orçamento da instituição. Por esse motivo, a profissional está recorrendo à comunidade. Inicialmente, Luciana pediu ajuda dos amigos dispostos a colaborar com qualquer quantia em dinheiro. Depois, com a toda a equipe do instituto envolvida, a compra do laser entrou como uma das demandas da campanha Amigos do Pompeia. O aparelho custa entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
- Pensamos em organizar almoços, rifas, para arrecadar a verba. Depois surgiu a ideia de usar a conta da campanha, que é permanente, para todos ajudarem. Com a aplicação do laser, o paciente fica aliviado e os benefícios se estendem para todas as áreas. Se o paciente consegue se alimentar, ele fica melhor nutrido e, com isso, vai responder melhor ao tratamento - explica.
Atualmente, o Incan tem 27 leitos e acompanha, em média, 850 pacientes. A maioria fez ou fará quimioterapia. O laser pode ser usado em crianças e adultos, de acordo com o médico Tiago Daltoé, que divide a coordenação do instituto com Mariângela Moschen:
- Não existe um programa, nem uma portaria governamental que proporcione esse tipo de aparelho para o Incan. No orçamento, ele acaba competindo com o ventilador da UTI, por exemplo, tão importante quanto. O laser representa conforto para os pacientes. E é bom pensar que com esse projeto institucional, e com a ajuda da comunidade, poderemos atender as pessoas de uma melhor forma.
As aplicações de laser poderiam ajudar Juraci Esteves Borba, 79 anos, paciente de quimioterapia do Incan há dois anos. Com câncer nos ossos, ela não sofre com as aplicações de medicamentos, mas no início se queixava muito das lesões na boca.
- A boca fica bastante seca e o que eu posso fazer hoje é tomar bastante água - diz a aposentada natural de Cambará do Sul e que mora em Caxias há 12 anos.
PARA AJUDAR
É possível auxiliar a campanha por meio do projeto Amigos do Pompéia. O recurso será redirecionado para a compra do aparelho. Qualquer pessoa pode assumir o pagamento de cotas, doações em dinheiro e materiais de construção. Quem ajuda recebe um certificado de participação e um recibo de entidade filantrópica no valor da doação. Informações pelo (54) 3220.8012 ou operacional@pompeia.org.br.
HG oferece terapia
A terapia com laser de baixa potência ajuda os pacientes com câncer no Hospital de Geral (HG) há cinco anos. Durante esse período, foi usada em pelo menos 100 pessoas em tratamento, de acordo com a dentista Luciana Corsetti Slaviero. Seu uso só trouxe benefícios:
- Os resultados são maravilhosos. Além de diminuirmos a incidência de mucosite nos pacientes, diminuímos o tempo de internação. Nesses cincos anos, não tivemos registro de óbito em função das consequências da mucosite, como a falta de alimentação. O tratamento iniciou apenas com crianças e agora foi estendido aos adultos também.
Luciana é funcionária da prefeitura e adquiriu o laser para o HG com verba pública. No ano passado, o Hospital Pompéia foi procurado para dividir parte da demanda e encaminhar, ao ambulatório da prefeitura, os pacientes que necessitavam de terapia. A dentista diz que a parceria não avançou em função da dificuldade de deslocamento e pouco interesse de alguns pacientes.
- Quem está em tratamento, na maioria das vezes, é imunodeprimido. Tirar o paciente de dentro do instituto para outros tratamentos é muito difícil. Com o aparelho aqui, também podemos tratar os que estão internados no hospital, fora do Incan - justifica Luciana.
Saúde
Campanha do Incan, em Caxias, pode amenizar a dor dos pacientes com câncer
Instituto precisa de aparelho que ameniza efeitos colaterais da quimioterapia
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