2015 será lembrado como o ano em que um novo Brasil começou a surgir. A afirmação, naturalmente, não passa de um desejo muito pessoal, pois ainda tenho (temos?) esperanças de que as próximas gerações viverão num país menos injusto, menos corrupto, menos individualista, menos.
A esperança é de que teremos um Brasil mais. Mais justo, mais honesto, mais solidário, mais.
O fundo do poço ainda não é visível, é provável que 2016, 2017, 2018 também sejam lembrados como os anos em que um novo Brasil começou a surgir.
A esperança, pois, se esforça para sobreviver agarrada num fiozinho.
A limpeza em andamento desde o porão à cobertura da casa está revelando a sujeira que desconfiávamos existir em todos os cômodos, mas que até este 2015 permanecia escondida por causa do desinteresse em descobri-la.
A prisão de gente graúda, pública e privada, com e sem mandato, é absolutamente necessária para que o país, um dia, dê a esperada reviravolta, a guinada de 180º.
O aspecto ruim dessa Operação Lava-Jato sem fim é que a cada nova sujeira que vem à tona ficamos mais longe do equilíbrio econômico e social - neste momento é quimera desejar recuperação: equilíbrio já estaria de bom tamanho.
A esculhambação política dentro da casa produz desemprego e inflação, crise, recessão, termos sinônimos de pobreza, sofrimento, provações.
É preciso que atravessemos todas essas dificuldades provocadas por um bando desinteressado em tudo que interessa ao povo, ao cidadão?
É.
É preciso limpar a casa, partir do zero, mesmo que às custas de sacrifícios.
O bando que domina o país precisa cair, devolver o que roubou, pagar pelo que fez. É necessário reinventar o modelo político, e essa reinvenção vai demorar, ainda penaremos muito até atingir o patamar mínimo da decência que resulta em mais justiça, em mais igualdade.
Enquanto os capítulos da Lava-Jato se sucedem, fortalecendo a crise generalizada, resta-nos torcer para que a passagem que aguardamos e merecemos seja o menos indolor possível.
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Alguns dos 17 leitores da coluna manifestaram apoio ao alerta feito aqui de que a Black Friday pode (pode, sublinhe-se) chegar camuflada de Black Fraude. Uma leitora, contudo, defende que em momentos de crise o jornal precisa valorizar ações que tentam fazer a economia girar, reconduzindo a máquina aos trilhos. O senão da leitora é justo, e isso não impede que permaneçamos atentos aos engodos que surgem no caminho.
Opinião
Gilberto Blume: 2015 será lembrado como ano em que um novo Brasil começou a surgir
O fundo do poço ainda não é visível, é provável que 2016, 2017, 2018 também sejam lembrados como os anos em que um novo Brasil começou a surgir
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