Ufa! Conseguimos nos safar de novo! A Academia Sueca divulgou ontem o Prêmio Nobel de Literatura de 2015, e ele não foi para Paulo Coelho! Mais uma vez, que alívio! O nome da agraciada é (espera aí, deixa minimizar a tela do Word e verificar, porque é nome difícil, de lá do outro lado do mundo)... A agraciada é Svetlana Alexievich, natural da Bielorrússia, uma ex-república da antiga União Soviética, situada na Europa Oriental, entre a Rússia, a Polônia e a Ucrânia. Longe, longe, longe...
Como é, minha senhora? Se eu já li algum livro escrito por ela? Mas claro que não, eu sou burro de dar dó, eu sequer sabia da existência da escritora bielorrussa. Aliás, para informar sobre a localização do país, tive de recorrer ao Google Maps, não pense a senhora que eu sou um atlas ambulante, não, longe disso. No máximo, sei que Roma fica na Itália. Mas fui pesquisando, né, porque a gente não pode sair pela aí passando recibo de anta assim, sem mais. Cronista mundano, sim; anta universal, alto lá! Aquela coisa: quem não me conhece, acha que sou burro; quem me conhece, tem certeza. E isso fica mais evidente a cada ano, em outubro, quando a Academia (a Sueca) divulga o nome do novo Nobel de Literatura, e eu nunca sei de quem estão falando.
Exceção feita ao peruano Mario Vargas Llosa, que foi agraciado em 2010. Aí, sim, até já havia lido livro. Mas a Svet... Slev... Espere um pouco, deixa conferir de novo... A Svetlana, realmente, eu aqui do alto da minha asnice, jamais havia ouvido falar. Até porque, convenhamos, descubro também que não existe nenhuma obra dela publicada no Brasil. Aí fica difícil, né, minha senhora, pode parar de me olhar assim de soslaio (não gosto que me olhem de soslaio). Eu só leio em português. Não encaro livro nem em espanhol e nem em inglês, que dirá em bielor... Opa, espera aí... Que língua se fala na Bielorrússia? Pesquisemos. Ah, ela escreve em inglês. Bom, mas mesmo assim, eu não sabia de nada e não tive nada a ver com isso.
Só o que me deixa aliviado é que o Nobel de Literatura mais uma vez não saiu para o Brasil, porque o que me tira o sono é a possibilidade de esse sonho nacional, da terra que gerou Machado de Assis, ser realizado com uma eventual premiação a Paulo Coelho. Que os deuses da Literatura façam existir ainda zilhões de Svetlanas espalhadas pelos cantos todos desse vasto mundão! Enquanto houver Svetlanas, estaremos a salvo!
Opinião
Marcos Kirst: só o que me deixa aliviado é que o Nobel de Literatura mais uma vez não saiu para o Brasil
A agraciada é Svetlana Alexievich, natural da Bielorrússia
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