A 31ª Feira do Livro terminou de forma melancólica.
O ato contra a mudança para a estação férrea, legítimo, pois nem todos precisam concordar com a alteração, sofreu clara tentativa de neutralização. O abafamento dos discursos com o aumento do volume de som ambiente foi uma das coisas mais patéticas que já se viu por aqui depois da democratização.
Coisa feia!
Silenciar protesto é coisa que não cabe mais neste 2015.
O autor da infeliz ideia de abafar os discursos acha que ainda cabe silenciar protesto, mas esse alguém está equivocado, está-se desferindo um tiro no próprio pé.
Protestos públicos dessa monta, num ambiente tão sensível e importante como uma Feira do Livro, nos dizem francamente que a mudança da praça para a estação é caso inconcluso.
Algo não foi bem explicado, combinado, digerido, justificado, compreendido.
Estivesse tudo de fato esclarecido, e bem esclarecido, não haveria tentativa alguma de silenciar o protesto.
A tentativa de abafar o protesto mostra, também, que sequer os mentores e defensores da mudança para a estação estão convencidos da decisão.
Estivessem convencidos, proporcionariam todas as condições para os contrários protestar, pois a segurança da decisão naturalmente esvaziaria qualquer crítica.
Não foi assim, contudo.
A melancolia citada acima é gigantesca, sequer cabe justificar com os desentendimentos criados entre quem organiza a Feira e quem faz a Feira.
A Feira do Livro na estação até pode se mostrar boa, melhor, bacana. Até o momento, porém, a prefeitura não foi capaz de provar, tecnicamente, em que a mudança traria benefícios.
As explicações de que a praça não proporciona mais crescimento à Feira são genéricas.
Ademais, a Feira precisa, de fato, crescer? E o que significa crescer?
Por fim, lanço uma insanidade mediante o atual estágio dos debates que envolvem a área central: que tal fechar a Júlio nas duas semanas de Feira do Livro? Júlio fechada significa mais espaço para a Feira crescer.
Opinião
Gilberto Blume: a Feira do Livro precisa, de fato, crescer? E o que significa crescer?
Que tal fechar a Júlio nas duas semanas de Feira do Livro?
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