Os cuidados para evitar as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) devem ser os mesmos para jovens e adultos e, por que não, aos idosos. Sim, é isso mesmo, homens com mais de 60 anos passaram a ter prática sexual mais constante, graças a medicamentos que estimulam a ereção, à maior longevidade e ao próprio comportamento. No entanto, essa massa não foi acostumada a usar preservativos. Para muitos idosos, há dificuldade de adaptação à camisinha, se sentem constrangidos a adquiri-las, não querem utilizá-la por temer prejudicar a ereção.
Para a mulher, uma das explicações para não se cuidar é que ela não corre risco de engravidar. Depois da menopausa, a parede da vagina fica mais fina e ressecada. Com isso, a relação pode provocar microtraumatismos, facilitando a ação do HIV.
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Dados do Ministério da Saúde têm preocupado. Porto Alegre é a capital do Brasil com mais casos de contaminação por HIV. Caxias do Sul está em 83º no Brasil. De acordo com a Coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Geral e presidente da Sociedade Riograndense de Infectologia (SRGI), Lessandra Michelin, os especialistas não podem excluir da rotina médica do idoso o teste de aids. Isso porque é natural que o ser humano diminua o sistema imunológico com o tempo, então o HIV pode ser confundido com outras doenças.
- Questões como sexo seguro e camisinha ainda são encaradas como tabus na sociedade. Se, na faixa jovem e adulta não se reconhece os perigos da contaminação, entre a terceira idade permanece a falta de hábito do uso do preservativo - avalia Lessandra.
Segundo a coordenadora do Serviço Municipal de Infectologia, Grasiela Cemin Gabriel, os preservativos são distribuídos gratuitamente nas 47 UBSs. No Centro de Testagem e Aconselhamento, são oferecidos testes para HIV, sífilis e hepatites virais, tudo grátis.
"Envelhecer com HIV é envelhecer com mais cuidados"
A aposentada Terezinha Lourdes Boff Buratti, 64 anos, poderia ser uma mulher como qualquer outra - viaja, passeia, pratica ginástica no Centro de Convivência e cursa informática. Ela mora sozinha e diz que prefere viver o hoje.
Há 24 anos, Terezinha era casada com um caminhoneiro em uma relação que durou por 15 anos. Até que ele passou mal e foi diagnosticado o HIV.
- Foi quando também precisei fazer o teste e fui diagnosticada como portadora do vírus. No início foi bem difícil, mas sempre tive muita fé e nunca levei tão a sério essa doença, pois vivo como qualquer outra pessoa - explica.
A aposentada vai regularmente aos médicos para controle. Terezinha conta que não precisa tomar outros remédios além do coquetel contra a aids porque não tem problemas de coração ou pressão, por exemplo.
- Envelhecer com HIV é envelhecer com mais cuidados. Eu sei que não vou morrer dessa doença, mas de velha - conclui.
Terezinha sempre conta a sua história para alertar as pessoas sobre uma doença que está muito perto de todos.
Risco
Relação sexual com pessoa infectada sem preservativos; comparti-lhamento de seringas e agulhas, principal-mente no uso de drogas injetáveis; reutilização de objetos perfuro-cortantes com sangue ou fluídos contamidos pelo HIV.