Duas regiões metropolitanas ligadas por uma rodovia pavimentada na década de 1970 e que, mais de 40 anos e sucessivos governos depois, ainda tem trechos de pista simples, sem acostamento e com sinalização precária. Os 20 quilômetros da ERS-122 entre Farroupilha e São Vendelino, principal ligação do pulmão econômico da Serra Gaúcha a Porto Alegre, têm terceira faixa para amenizar o fluxo na subida, mas na descida filas se formam por causa da pista única. Uma realidade sem perspectivas de mudar a curto prazo.
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Apesar dos problemas, a rodovia marcada por acidentes ainda é a preferida por caminhoneiros que transportam a produção ou matéria-prima. Com serras na subida e na descida, a BR-116, via Galópolis, é praticamente descartada por quem carrega cargas em direção à capital.
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Com 18 anos de experiência na boleia, Junior Albano, 38, dirige uma carreta frigorífica com 20 metros de extensão e capacidade para levar até 31 toneladas de frutas. Faz esse caminho de duas a três vezes por semana, em viagens para o nordeste do país.
- É um dos trechos mais perigosos da região - sentencia.
Nos cerca de 20 quilômetros entre Farroupilha e São Vendelino acompanhados pela reportagem, a velocidade não passou de 40 Km/ h, mesmo com o caminhão vazio. Mesmo abaixo da máxima permitida na maior parte do trecho, de 60 Km/ h, é preciso atenção.
- Tem que desviar ou você cai dentro. Ou você sai na contramão, ou passa por cima das tartarugas, ou desvia pelo cantinho. Se errar, com um caminhão pesado desses... Aqui não tem acostamento, dificilmente vai conseguir voltar para a pista e vai acabar tombando. Ou então cai no buraco, arriscando a quebrar mola, suspensão. Imagina carro pequeno então - detalha, ao desviar de cratera pouco antes de chegar a Nova Milano.
Na chegada à temida Curva da Morte, em forma de ferradura, atenção. A velocidade fica em torno de 30 a 40 Km/h.
- Se você trabalhar em baixa velocidade, não vai sentir dificuldade de fazer a curva. Se descer rápido, com certeza a carga vai pender, arriscando de tombar - ensina.
Na descida, longas filas se formam porque, além de a pista ser simples, há raros pontos de ultrapassagem. Em caso de problema mecânico, não há alternativa: o veículo terá de parar no leito da via.
- Se não tiver um pouco de cuidado, pode estar arriscando a sua vida também - avisa.
Serra Imobilizada
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Rodovia tem pista simples em direção a Porto Alegre, situação sem perspectivas de melhorias a curto prazo
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