O corpo e a mente mudam com o passar dos anos e, também, os desejos sexuais. Seja para a mulher ou para o homem, a busca pelo prazer supera a vergonha do corpo e a passagem pelos 60 ou 70 anos. Com o avanço da tecnologia e a maior longevidade, as relações continuam vivas, mas mudam com o tempo, inclusive pela maturidade do casal.
Diferente do conceito de sexo, que diz respeito ao ato sexual, sexualidade engloba a libido, energia de vida, que nos leva a fantasiar, desejar, amar, expressar afeto, apaixonar-se. Assim é para Olanir da Rosa, 71 anos, e Nildes dos Santos Rosa, 66, que irão comemorar 50 anos de matrimônio no dia 2 de outubro.
O casal é do tempo que não podia sequer beijar em público. Quando estavam juntos, era preciso se sentar à mesa, e nunca num canto qualquer.
- Nos conhecemos numa festa, eu o cutuquei na camisa e ele disse que eu seria dele, custasse o que custasse. Depois que começamos a namorar, o casamento saiu em dois anos, já que era difícil continuar nos vendo apenas aos domingos. Mas, por outro lado, era muito bom ficar esperando pelo próximo fim de semana - lembra Nildes.
Olanir conta que o primeiro beijo aconteceu escondido, assim que os dois confirmaram o noivado, mas já tinham se dado umas "beliscadas".
- O que sustenta todos esses anos juntos é a paciência e o companheirismo. Namoramos como qualquer outro casal. Além disso, ainda não precisamos tomar estimulantes para melhorar a qualidade do sexo - afirma o marido.
Especialista no assunto
A geriatra Elaine Biffi acredita que é perfeitamente possível manter a sexualidade ativa na terceira idade. Muitos dos problemas orgânicos que surgem com o envelhecimento podem ser tratados e assim proporcionar uma vida sexual de qualidade e prazerosa para ambos os sexos. Sem falar, que sexualidade não se traduz apenas pelo ato sexual em si, pois existem outras formas de sexualidade que precisam ser descobertas e trabalhadas.
- Com recursos e diversos profissionais da área da saúde que temos hoje, como médicos, fisioterapeutas, terapeutas, e outros, não há justificativa para abandonar a vida sexual só porque ficou mais velho. O conselho é nunca se automedicar. Sempre com orientação e respeitando os limites de cada um - explica Elaine.
No processo fisiológico do envelhecimento, os hormônios sexuais tendem a diminuir, e assim, os homens reduzem os níveis de testosterona e as mulheres entram na menopausa, com a queda de seus hormônios. Os homens passam a ter mais problemas de ereção e as mulheres podem sofrer com a atrofia e o ressecamento da mucosa vaginal, causando desconforto e diminuição da libido, além do aumento da prevalência de incontinência urinária.
- Os homens idosos costumam procurar mais por relações sexuais do que as mulheres. Geralmente essa é uma questão muito mais cultural do que orgânica. As mulheres tendem a se envergonhar e se intimidar diante do assunto sexo, mas isso não quer dizer que elas não sintam desejo e nem que não tenham mais libido - explica a médica.
Os homens em acompanhamento médico devem ter seus níveis hormonais testados e pode-se fazer reposição hormonal se realmente for necessária. Existem medicamentos recentes que podem ajudar com os problemas de ereção, ressaltando-se a importância da avaliação médica, pois nem todos podem fazer uso dessas medicações, que também têm efeitos colaterais e, para alguns pacientes, pode ser até arriscado e perigoso.
As mulheres também precisam estar em dia com suas consultas ginecológicas. Algumas delas podem ter indicação de reposição hormonal.