A chuva não para, as cheias só crescem.
Quase 30 mil gaúchos estão fora de casa, muitos perderam tudo. Aqui na região os estragos podem ser classificados apenas como transtornos, pois não há desalojados, desabrigados, pavilhões abarrotados de famílias. Aqui, a maior consequência da chuva ainda são riachos do interior saindo do leito e paredes do banheiro escorrendo água. É pouco se compararmos às tragédias em regiões situadas 500, 600, 700 metros abaixo de nós.
Preâmbulo cometido, ingresso no tema desta crônica, devidamente preparado para a reação da patrulha. Alguns dos 17 leitores da coluna por certo acharão provocação, mas tenho certeza de que todos eles já vivenciaram a cena.
A cena: chove, e você anda numa calçada. Você está sem guarda-chuva, vez em quando acontece de estarmos desprevenidos. Naturalmente, buscará a proteção das marquises, preferencialmente junto às paredes, vitrinas, muros.
Não raro, você precisa desviar, sair da marquise e se submeter à chuva porque ali, bem ali no caminho dos sem-guarda-chuva está um sujeito estático, admirando vitrines com o guarda-chuva escandalosamente aberto. E, naturalmente, atrapalhando o trânsito dos sem guarda-chuva.
Também acontece de os com-guarda-chuva andarem sob as marquises, coladinhos às paredes - caminho obviamente criado para os desprevenidos, mas covardemente invadido. Resta-nos desviar de novo, receber a chuva na cara, retornar à marquise salvadora e, logo adiante, repetir tudo, pois outros guarda-chuvas estarão atravancando nosso caminho. Andar de guarda-chuva requer uma certa sensibilidade, um respeito mínimo com a ordem natural das coisas. Guardadas as proporções, ocupar todo o espaço com seu guarda-chuva equivale ao pedestre se jogando no meio da rua, ao carro avançando sinal. A desarmonia, pois, se materializa até num prosaico dia de chuva.
Antes que os 17 leitores se unam em protesto pedindo a cabeça do colunista por gastar espaço com tamanha bobagem, exercito minha porção cidadã informando o telefone que recebe donativos para os desabrigados gaúchos: (51) 3288.6781. O telefone é da Defesa Civil do Estado. O órgão pode informar o ponto de coleta mais próximo de você. Atualmente, o que mais falta é comida.
Opinião
Gilberto Blume: antes que os 17 leitores da coluna se revoltem, eis o telefone da Defesa Civil Estadual (52) 3288.6781
A desarmonia, pois, se materializa até num prosaico dia de chuva
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