
Com o passar dos anos, os passos ficam mais curtos, perde-se o equilíbrio e a noção de espaço. Quanto maior a idade, mais adaptações dentro de casa são necessárias. É a chamada gerontoarquitetura, direcionada para a terceira idade. O termo é usado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que prevê que a população acima de 60 anos irá passar de 841 milhões para 2 bilhões até 2050.
Arquiteta há 20 anos, Cristina Mioranza explica que o ideal é ter acessibilidade em todos os espaços, em um nível único, sem escadas, com portas mais largas, piso antiderrapante e corrimãos para apoio.
- Quando se tem alguém com necessidade especial ou pessoas idosas, quanto mais apoio tiver pela casa melhor, menos cantos vivos (que se movem), menos transparências duras - destaca Cristina.
Planejar a residência e garantir a autonomia dos idosos permite que a rotina permaneça a mais estável possível. Natural de Santa Rosa, Djani Ingridi Rodrigues, 47, e o marido, Luís Antônio Rodrigues, 55, moram há 15 anos em Caxias do Sul. O único filho do casal está no Exterior há sete anos. Foi então que surgiu a ideia de convidar a mãe de Djani, Eldira, 68, e também a avó, Irene, 90, ambas viúvas, para morar com eles.
- Para que a mãe e a avó possam ter qualidade de vida e viverem tranquilas, decidimos construir uma nova casa, toda adaptada para elas e, porque não, já pensando no nosso futuro - explica Djani.
A casa, que deve ficar pronta em outubro, está sendo projetada sem escadas, um banheiro só para as duas idosas e, caso precise de cadeira de rodas, o ambiente conta com o espaço adequado.
De acordo com a neuro-ortopedista e ortopedista Ana Paula Tedesco, de 28% a 35% das pessoas com mais de 65 anos de idade sofrem quedas a cada ano. Essa proporção sobe para entre 32% e 42% para quem tem mais de 70 anos.
Idosos que vivem em casas de repouso caem com maior frequência do que os que vivem com a família, por exemplo. Destes, entre 30% e 50% sofrem quedas, a cada ano, e 40% deles experimentam quedas recorrentes.
- Dentro de casa, o que acontece normalmente são tropeços em obstáculos como tapetes e animais de estimação, quedas de escadas ou provocadas pelo uso de calçados inadequados. Já na rua, calçadas irregulares é o maior perigo.
A médica cita ainda tonturas, má iluminação, ausência de corrimões e piso liso como situações de risco.

